Cerca de 86% dos reajustes salariais de junho foram acima da inflação: média de aumento real foi de 1,43%
Segundo levantamento do Dieese, a variação real média dos reajustes foi de 1,43% acima do INPC
Das categorias com data-base em junho, analisadas pelo DIEESE até 09 de julho, 85,9% conquistaram aumentos reais nos salários, na comparação com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). Outras 12,3% alcançaram reajustes iguais a esse índice de preços, e apenas 1,8% não conseguiram recompor as perdas inflacionárias.
Também devido à atualização das informações do Mediador, notou-se aumento no percentual de negociações com aumento real em maio desse ano, que agora chega a 91,4% do total daquela data-base.
É possível que o novo reajuste do salário mínimo, concedido em maio, tenha influenciado positivamente o resultado das negociações nas últimas duas datas-bases, acentuando tendência positiva que vem desde o final do ano passado.
Variação real média dos reajustes
A variação real média dos reajustes de junho, correspondente à média simples dos reajustes na data-base após o desconto da inflação, é, no momento, igual a 1,43% sobre o INPC. Esse resultado é, em parte, decorrente do grande número de resultados com ganhos reais entre 1% e 2% acima do INPC. Cerca de 42% dos reajustes de junho estão nessa faixa.
Quase ¼ das negociações junho conquistaram ganhos superiores a 2% sobre o INPC. A variação real média dos resultados é positiva há 10 datas-bases, desde setembro de 2022.
Reajuste necessário
Além da valorização do salário mínimo, a queda nos índices de inflação também pode ter contribuído para os bons resultados das negociações coletivas dos últimos meses. Para as categorias com data-base em julho, o valor necessário para recomposição das perdas salariais nos 12 meses
anteriores é de 3,0%, segundo o INPC. Esse reajuste necessário para recuperar as perdas desde a database anterior vem caindo há 12 meses, desde agosto de 2022.
Reajustes parcelados
Reajustes parcelados foram observados em apenas 0,5% das negociações de junho. O percentual é muito próximo ao registrado em maio último (0,4%) e mantém os baixos patamares dos últimos meses.
Reajustes escalonados
O escalonamento dos reajustes, fenômeno que corresponde ao pagamento de reajustes diferenciados segundo faixas salariais ou tamanho de empresas, foi observado em 12,3% das negociações de junho. O percentual é muito próximo do registrado em maio (12,8%) e inferior ao de
junho de 2022 (13,5%)
Resultados acumulados em 2023
O quadro atual dos reajustes demonstra que cerca de ¾ das negociações concluídas e analisadas pelo DIEESE no primeiro semestre de 2023 conquistaram ganhos reais de salários nas datas-bases, na comparação com o INPC. Resultados iguais à inflação foram observados em 18,9% dos casos, enquanto 5,9% ficaram abaixo do índice inflacionário. A variação real média dos salários em 2023 é, no momento, igual a 1,07% acima do INPC.
Um fato a ser destacado é que 21% das negociações de 2023 obtiveram ganhos reais superiores a 2% sobre o INPC.
Resultados por setor econômico
Ganhos acima do INPC foram observados em 80,9% das negociações da indústria, 78,2% dos serviços e 53,2% do comércio. Reajustes iguais ao INPC apareceram em 41,7% das negociações do comércio, em 15,2% dos resultados dos serviços e 13,8% da indústria. Já reajustes inferiores ao índice
infl acionário representaram 6,7% nos serviços, 5,3% na indústria e 5,1% no comércio.
Reajustes por região geográfica
Cerca de 80% das negociações no Sudeste ficaram acima no INPC, enquanto no Norte, Centro 75% das negociações no Norte, Centro-Oeste e Sul, e em 67,4% das negociações no Nordeste. O percentual dos reajustes abaixo no INPC variou entre 1,6%, observado na região Sul, e 10,7%, no Nordeste.
Resultados por tipo de instrumento coletivo
Reajustes acima do INPC foram mais frequentes nos acordos coletivos (77,5%) do que nas convenções coletivas (71,1%) analisados no primeiro semestre de 2023. Em relação aos resultados abaixo desse índice, os percentuais foram muito próximos, ligeiramente maiores nos acordos (6,1%, na
comparação com 5,5% nas convenções coletivas).
Pisos salariais
Os valores dos pisos salariais são apresentados, a seguir, em dois indicadores: 1) valor médio, equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados; e 2) valor mediano, correspondente ao valor abaixo do qual está a metade dos pisos analisados. A vantagem da apresentação do valor mediano é que ele sofre menos a influência dos valores extremos da série, indicando melhor a distribuição dos pisos.
De janeiro a junho de 2023, o valor médio dos pisos salariais nos 7.374 instrumentos coletivos analisados foi de R$ 1.586,88; e o valor mediano, R$ 1.474,20. Na comparação entre os setores, o maior valor médio foi observado nos serviços (R$ 1.606,35); e o menor, no setor rural (R$ 1.537,10). Quanto aos valores medianos, o maior foi registrado no setor rural e no comércio (R$ 1.500,00 cada); e o menor, nos serviços (R$ 1.462,42).
Pisos por região geográfica
No recorte geográfico, os maiores pisos salariais médios e medianos negociados de janeiro a junho de 2023 são os do Sul (respectivamente R$ 1.660,13 e R$ 1.624,74); e os menores, os da região Nordeste (respectivamente R$ 1.467,40 e R$ 1.355,40).
Fonte: Dieese