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Lula defende Dilma e ajustes: ‘Ela tem compromisso conosco’

Ex-presidente afirma que movimentos sociais devem continuar cobrando o governo. E lembra que em 2007 também diziam que seu governo tinha acabado. ‘Esperem, porque ela pode terminar melhor do que eu’

Diante de uma plateia formada basicamente por eleitores de Dilma Rouseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que há insatisfação nos movimentos sociais, falou de erros cometidos, mas defendeu a sua sucessora e os ajustes implementados pelo atual governo, afirmando que é preciso diferenciar a luta política da econômica. Ao mesmo tempo, rebateu iniciativas de impeachment e sugeriu que os adversários se preparem para a eleição de 2018. “A Dilma é resultado nosso, tem compromisso conosco. Querem tirar o povo do governo”, afirmou, durante plenária realizada na noite desta terça-feira, dia 31 de março, na quadra do Sindicato dos Bancários de São Paulo, na região central da cidade.

Lula citou o início de seu próprio governo, em 2003, quando disse ter feito um ajuste ainda maior que o atual. “Era necessário fazer”, disse, referindo-se à gestão da presidenta, que segundo ele enfrenta uma “conjuntura altamente desfavorável”, mas que implementará medidas favoráveis à população à medida que a situação melhorar. “A inflação é uma desgraça para o pobre. A Dilma sabe disso”, comentou, com mensagens a críticas da oposição. “Macaco senta em cima do rabo e fica olhando o rabo dos outros. É assim que eles fazem.”

Ele comparou o ajuste fiscal ao aperto que as pessoas fazem todo início de ano, por causa de contas e dívidas, mas também reconheceu que foram cometidos erros nos últimos anos. “Nós cometemos equívocos. Por que não se aumentou a gasolina desde 2012? Porque não queríamos a inflação subisse. Quando a Dilma reduziu a conta de luz, ficamos felizes. Acontece que a Dilma, nem eu e nem vocês esperávamos uma seca.” E explicou que o governo teve de usar outra matriz energética, a termelétrica, que é mais cara, o que se refletiu nas contas de luz.

Ao citar as dificuldades, o ex-presidente constatou que tanto sindicatos como movimentos sociais estão insatisfeitos – e observou que cobrar dos governantes é o papel das centrais sindicais. Mas procurou demarcar diferenças entre o atual governo e uma hipotética gestão do PSDB. “Com a Dilma vocês sabem que podem negociar. Se fosse tucano, nem em Brasília chegavam.”

Lula voltou a ressaltar os avanços sociais dos últimos anos, para demonstrar que as pessoas estão naturalmente mais exigentes. E acrescentou que Dilma não ignora para quem governa. “A nossa presidenta Dilma tem de saber o seguinte, e ela sabe, porque quando estávamos no sufoco, quem nos estendeu a mão não foi o mercado, foi a classe trabalhadora. Tenho certeza de que a Dilma tem consciência disso.”

Ele também criticou ataques da oposição à presidenta. “Tivemos uma briga desgraçada para ganhar as eleições. E parece que foram os adversários que ganharam. Parece que para eles não termina nada, nunca, esta eleição. Foi a eleição mais difícil que nós participamos nos últimos tempos. Tivemos de enfrentar a mentira, a infâmia, a agressividade contra a presidenta Dilma.”

Segundo Lula, mesmo sendo eleita para governar para os mais de 200 milhões de brasileiros, Dilma tem compromisso “com a parte mais pobre, com os mais necessitados”. “É essa gente que precisa do Estado.” Ele leu manchetes de jornais publicadas durante o seu governo, algumas semelhantes às atuais. “As manchetes de hoje contra Dilma são mais violentas e muito mais duras do que eram contra mim.”

‘Parceiro’
Uma de 2007 dizia que o seu governo tinha “acabado” – e Lula observou que atualmente afirmam o mesmo em relação a Dilma. “Temos o mandato inteiro pela frente. Esperem, porque ela pode terminar melhor do que eu terminei”, afirmou o ex-presidente, que quase ao final do discurso de 50 minutos dirigiu-se à presidenta: “Não preciso lembrar que quem está aqui é seu parceiro nos bons e maus momentos”.

Lula afirmou ainda que não se deve ficar com “raiva” de quem foi às ruas protestar contra o governo e contra o PT. “É preciso que a gente tenha consciência de que nem tudo está certo. O que precisamos é fazer o debate político e tentar convencê-los. Essas pessoas são adversários políticos, não são inimigos.”

Mas ele também garantiu que não haverá mudança de rumo no processo político. “Ninguém mexerá na conquista democrática deste povo brasileiro, que primeiro elegeu um operário e depois um mulher presidente.” Aos opositores, reafirmou que haverá nova disputa daqui a três anos. “Se prepare, estude, faça caravana, espere até 2018 e faça um bom debate democrático”, afirmou.

Fonte: Rede Brasil Atual

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