Notícias Seaac

Novos desafios

Encontro da Mulher no SEAAC Campinas ajudou a quebrar tabus

O 7º Encontro Regional da Mulher EAA realizado pelo SEAAC Campinas e Região no último sábado, dia 15 de junho, serviu para quebrar tabus e abrir novos horizontes para as mulheres trabalhadoras. Conduzido pela advogada criminalista e ex-presidente da OAB Campinas, Tereza Dóro, o encontro tratou do tema “A história mal contada do trabalho da Mulher”. Tereza Dóro acabou com alguns mitos como, o de que a mulher é um ser frágil, que precisa de leis especiais para protegê-la e disse que deve parar de ser tratada como minoria. Somos superior aos homens em muitas coisas, só precisamos usar um pouco mais a inteligência para superá-los”, definiu.

 

A palestrante convidada pela presidente do SEAAC Campinas e Secretária da Mulher na FEAAC, Elizabete Prataviera, falou por mais de duas horas para um público de cerca de 40 pessoas, a maioria esmagadora, mulheres. Ela arrancou risos e choros da platéia e recebeu aprovação geral.

 

Participaram dos debates a Secretária Geral da FEAAC e presidente do SEAAC Americana, Helena Ribeiro, o secretário de Trabalho e Renda de Campinas Jairson Valério dos Anjos, o Canário, a coordenadora do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Campinas – CMDM, Cléo Dias, a presidente do Municipal dos Direitos da Mulher de Americana, Antonia Vicente e a conselheira municipal do CMDM de Campinas, Luciana P. Franco.

 

A advogada com 72 anos de idade, dos quais 40 dedicados ao exercício do Direito Criminal, falou de sua história de vida e de como enfrentou o preconceito e o machismo ao ser a primeira mulher a atuar na área criminal. Mãe de dois filhos naturais com o também advogado Nivaldo Dóro, Tereza adotou outras cinco crianças, hoje o mais novo com 18 anos.

 

“Vocês precisam acabar com essa história de tentar fazer acordos com o marido para dividir as tarefas de casa. Isso tem que ser negociado de forma inteligente convencendo o marido sem aquelas intermináveis discussões da relação”, alertou a advogada. Ela também defendeu que a mulher se envolva mais nos assuntos políticos e esportivos e que se arrisque a dar opiniões em casa, no círculo de amizades e no trabalho, sem medo de errar.

 

Assédio moral e sexual   

Para a advogada, muitos casos de assédio sexual e moral no trabalho podem ser evitados se a mulher tiver sempre uma postura de colocar limites, sem ter medo de desagradar o patrão ou qualquer outro colega. “Se ele te cantar deixe claro desde o primeiro dia que não há espaço e que o assédio te desagradou. Não precisa ser grosseira, mas firme”, aconselhou Tereza Dóro.

 

Excesso de leis

A palestrante falou do excesso de leis criadas no Brasil para defender as supostas “minorias”, como as mulheres e que são perfeitas no papel, mas impraticáveis na vida real. Ela citou a Lei Maria da Penha, que criou punições para os homens agressores, mas não pensou na estrutura para dar suporte à mulher que denuncia, ou quer se separar do agressor. “A Lei veio reforçar o que já dizia o Código Civil. Hoje a mulher vai lá na delegacia, faz a denúncia e encontra um ambiente e gente despreparada para atendê-la. O marido vai preso e dias depois é solto e acaba matando esta mulher, ou volta a agredi-la. E o que o Estado faz, nada? Não tem programa de apoio, não tem abrigo decente para a mulher e os filhos, não dá apoio financeiro para a mulher conseguir abandonar aquela realidade de violência doméstica”, critica Tereza Dóro.

 

Organização

O caminho para transformar a sociedade e o País, segundo a advogada criminalista, é a organização por meio de entidades como associações, sindicatos e ONGs, para criticar a inoperância do Estado, acabar com o oportunismo político dos representantes eleitos nas diferentes esferas de poder. Além disso defende, é preciso cobrar do Estado sua função de proteção e de garantias dos direitos, deixando de criar novas leis que nunca resolvem a questão de fundo, que é a ausência de contrapartida dos governos federal, estaduais e municipais.

 

“O Sindicato pode muito bem enviar documentos em nome dos trabalhadores que representa cobrando a presidente, ministros, senadores, deputados federais e estaduais, governadores, prefeitos e vereadores, fazendo críticas e dizendo que está atento à atuação de cada um. Ano que vem teremos eleições gerais. Eu peço a vocês que não votem nulo, nem justifiquem. É preciso que cada um saiba em quem vai votar, estudar a vida do candidato, ver como ele age e depois não esquecer de cobrar. É só assim que este País vai mudar e os políticos também”, defendeu Tereza Dóro.

 

O 7º Encontro Regional de Mulher EAA foi encerrado com grandes desafios e espaço para muitos outros questionamentos que serão levados agora ao Encontro Estadual da FEAAC, marcado para março de 2014. As participantes do evento encerraram o dia em um almoço de confraternização.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.