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Pesquisa FEEx revela liderança inspiradora em alta; saúde mental preocupa

A última edição da pesquisa FIA Employee Experience (FEEx) traz boas notícias do mundo do trabalho: os chefes vêm sendo melhor avaliados. De acordo com a iniciativa, que reconhece as companhias que mais investem em ambientes de trabalho saudáveis, agradáveis e produtivos e ouviu este ano mais de 188 mil funcionários de 300 empresas brasileiras, o estilo de liderança inspirador, que desperta e conquista confiança, já é maioria entre os gestores de empresas brasileiras.

“Em 2022, 36,8% dos entrevistados perceberam esse tipo de liderança em seu gestor imediato, número 8,2% maior do que no ano passado”, conta Lina Nakata, professora da FIA Business School.

“Outra boa novidade é que esse profissional eleva em 4,2% a avaliação dos seus liderados sobre a experiência de trabalho – a avaliação é 63,4% mais positiva do que a de liderados por gestores bloqueadores, por exemplo.”

Outros estilos observados foram:

  • Democrático: o que considera a opinião de todos nas decisões aumentou 2%;
  • Educador: o que identifica pontos fortes e fracos dos funcionários e desenvolve a equipe, e o maternal, que coloca as pessoas em primeiro lugar e evita conflitos sempre que possível, se manteve igual em relação à pesquisa anterior;
  • Coercitivo: o que exerce pressão para atingimento das metas diminuiu 17,6%;
  • Bloqueador: o que dificulta o acesso a informações e a recursos caiu 13%.

“Os resultados são positivos porque, apesar de não haver um estilo melhor ou pior – com exceção do bloqueador, que nunca deveria ser aplicado -, lideranças que não as inspiradoras promovem ambientes de trabalho mais tóxicos”, analisa Lina.

Ainda no tópico liderança, pela primeira vez, a FEEx perguntou se os profissionais são geridos por um homem ou uma mulher. O resultado mostrou que 67% dos gestores diretos são homens e 33% são mulheres, seguindo o cenário geral do país e do mundo, com as mulheres representando uma minoria no mercado formal de trabalho, especialmente em posições de liderança.

“Apesar de buscarmos resultado iguais e não querermos que uma gestora mulher seja mais bem avaliada que um gestor homem, vemos que alguns aspectos se mostram mais positivos para os colaboradores quando sua gestão é feminina”, esclarece Lina, que cita itens como “a gestora ajuda sua equipe a aprender mais”, “pode-se contar com a líder para assuntos pessoais” e “elas dão feedbacks com mais frequência e com qualidade, que contribuem para o desenvolvimento das pessoas”.

Alerta para saúde mental

De 2021 para 2022, o grupo de trabalhadores com estresse excessivo apresentou um aumento de 4,4%. Isso significa que a cada 10 pessoas que trabalham nos “Lugares Incríveis para Trabalhar”, três estão com um alto nível de estresse.

Já a quantidade de colaboradores com burnout (esgotamento mental) subiu 11,9% – e esse grupo se sente 43% mais sobrecarregado no trabalho. Outro ponto preocupante foi o aumento de 160% no número de respondentes que não revelou seu nível de estresse, deixando a resposta em branco ou não querendo responder.

“Esses resultados não deixam de ser surpreendentes porque, desde o início da pandemia de Covid-19, o tema da saúde mental passou a ser muito abordado pelas empresas, com palestras e atendimentos coletivos e individuais”, pondera Lina.

“Agora podemos concluir que, apesar da importância dessas ações, talvez as empresas não estejam atuando na causa do estresse, como lideranças ruins, ambiente pouco saudável e falta de reconhecimento, e, sim, tentando remediar problemas já existentes.”

A FEEx também observou fatores externos que podem contribuir para esse desgaste mental. Um deles é o endividamento pessoal, que tira o foco do funcionário do trabalho e compromete sua relação com a organização.

De acordo com a pesquisa, 26% mais pessoas possuem dívidas fora do controle em comparação com o ano passado – e elas percebem sua experiência de trabalho 7,4% pior, afetando principalmente a avaliação sobre recompensas (salários, benefícios, recompensa não-financeira).

Enquanto isso, o grupo de poupadores, ou seja, sem dívidas e com a possibilidade de guardar dinheiro, diminuiu 5%. Novamente, o grupo que não quis responder ou deixou em branco foi 80% maior do que em 2021, mostrando maior indisposição para comentar o tema.

Cotidiano influenciando o trabalho

Outro ponto analisado foi o trajeto ao trabalho, com 11,5% dos colaboradores sem deslocamento e 88,5% com algum deslocamento. Para a maioria (54,8%), o trajeto casa-trabalho-casa é agradável. Já 23,4% consideram que gastam muito para se locomover até o trabalho; para 4,2%, o trajeto é desconfortável; e para 6,1% ele é muito estressante, o que impacta em um decréscimo de 10% na avaliação da experiência de trabalho.

Uma nova questão incluída este ano foi: “Você tem alguém na empresa em quem confia para falar de qualquer assunto?” A premissa é de que, quando a resposta é positiva, há maior empatia e os colaboradores, que podem ter momentos de desabafo que contribuem para recuperar a força mental e física. Além disso, a probabilidade de também confiar mais na empresa e na liderança é maior.

Os resultados indicam que 85% das pessoas possuem pelo menos um(a) amigo(a) para falar de qualquer assunto sensível na empresa. Para quem é trainee ou ocupa uma posição operacional, esse índice é de 81% e, para quem é C-level, o número é de 93%.

O novo normal

Na adaptação a novos modelos de trabalho do pós-pandemia, 28,5% do total dos participantes ainda está em home office (com 45% desses em home office total e 55% em trabalho híbrido, dividindo a semana entre escritório e casa) e 4,2% migraram para o presencial.

A avaliação sobre a experiência de trabalho também mudou. Em 2021, era mais positiva para quem estava apenas em home office. Em 2022, home office total e trabalho exclusivamente presencial foram os modelos mais bem cotados. Já os funcionários em sistema híbrido se mostraram os menos satisfeitos.

“O resultado corrobora com outros estudos que vêm indicando essa tendência e está relacionado a regras: o híbrido não é flexível porque raramente o funcionário pode escolher os dias em que estará no escritório”, diz Lina.

Lição de casa pendente

Apesar de avanços, ainda há muito a melhorar no ambiente de trabalho nacional. A FEEx levantou, por exemplo, que, mesmo nos Lugares Incríveis para Trabalhar, ainda há 20,3% dos funcionários que afirmam não ter recebido nenhuma avaliação de desempenho, muitas vezes pelo fato de a empresa não aplicar esse processo. Não coincidentemente, a avaliação do ambiente de trabalho por essas pessoas que recebem menos atenção, têm seu trabalho menos corrigido e contam com maiores níveis de estresse é 10,2% pior.

Outra constatação é que, apesar de 71% dos respondentes estarem totalmente adaptados à cultura organizacional, ainda há 28% com adaptação parcial e pouco menos de 1% não adaptados. Pessoas com fit cultural total percebem o ambiente de trabalho de forma 11,4% mais favorável do que aquelas com adaptação parcial e 44% do que as não adaptadas.

“Esse retrato mostra que as empresas ainda têm oportunidade de melhorar esse cenário”, acredita Lina. “Elas podem trabalhar com um processo de recrutamento e seleção mais assertivo e focado no entendimento de valores e traços culturais, assim como reforçar a questão com os funcionários em toda a jornada de trabalho, mesmo com os mais veteranos.”

Fonte: UOL Economia

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