Plano Temer: Faca de duas pontas
Por João Franzin
O Plano Temer foi lançado em 29 de outubro de 2015 com o nome pomposo de “Uma Ponte para o Futuro”. Com a peça, o vice tentava se credenciar junto ao mercado como confiável e sem riscos para o capital.
Uma breve leitura da peça irá mostrar que se trata de um petardo neoliberal, pior ainda que o plano de governo de FHC – este, mal ou bem, tinha a escora do Plano Real.
O sindicalismo praticamente passou batido pelo documento. Mas não devia. Na página 12, por exemplo, se pode ler (atenção, entidades de aposentados!): “É indispensável que se elimine a indexação de qualquer benefício ao valor do salário mínimo”.
Quanto ao Estado, e seu tamanho, fica-se sabendo no Item D, página 18: “Executar um política de desenvolvimento centrada na iniciativa privada, por meio de transferência de ativos”. Ou seja, privatização e transferência de bens e equipamentos nacionais para mãos privadas.
Mesmo item – “Concessões amplas em todas as áreas de logística e infraestrutura”… e (a joia Coroa!) “retorno a regime anterior de concessões na área de petróleo”.
Relativamente à área social, o texto produzido em nome da Fundação Ulysses Guimarães, não esconde as garras do gato angorá (era assim que Brizola chamava o presidente da Fundação, Moreira Franco): “O Brasil gasta muito com políticas públicas”.
Aos sindicalistas, recomenda-se, especialmente, na página 19, o Item J: “Na área trabalhista, permitir que as Convenções Coletivas prevaleçam sobre as normas legais, salvo quanto a direitos básicos”.
Aos que apreciam má literatura, recomendo o fecho do documento, uma joia da ficção barata: “Convidamos a Nação a integrar-se a esse sonho de unidade”.
Repleto de números, que se cata facilmente no Google, o “Ponte” tenta, mas não consegue, esconder seu verdadeiro formato. Ou seja, trata-se de uma arma para que o poder econômico, por um lado, avassale ativos e recursos do Estado e, de outro, se aproprie da renda por meio do achatamento de benefícios vinculados ao mínimo e da quebra de direitos, com a lógica do negociado sobre o legislado.
O sindicalismo faria um bem a si mesmo e aos trabalhadores se detalhasse mais o conteúdo do Plano Temer e massificasse junto às bases o seu conteúdo conservador, agressivo e neoliberal, alertando o trabalhador sobre o que virá com eventual reinado do dr. Michel e seus parceiros, entre os quais o intragável industrial sem indústria, dr. Paulo Skaff.
João Franzin é jornalista e diretor da Editora e Agência de Comunicação Sindical
Fonte: Agência Sindical