Polícia do RJ investiga se funcionários da Cedae são responsáveis por crise
A Polícia Civil do Rio de Janeiro realiza hoje diligências na Estação de Tratamento de Água do Rio Guandu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Administrada pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro), a estação abastece mais de 9 milhões pessoas na região metropolitana e está no centro da crise da água —desde o dia 6,
moradores do Rio reclamam de receber em suas casas água turva com cheiro e gosto ruins. O problema afeta moradores da capital e da baixada em pleno verão.
“A ação faz parte de uma investigação para apurar eventual responsabilidade penal de funcionários da Cedae ou de terceiros que possam ter contribuído, por ação ou omissão, nas alterações das condições de consumo da água verificada nos últimos dias na região metropolitana”, informou a polícia por meio de nota. A investigação é conduzida pela Delegacia de Defesa de Serviços Delegados.
De acordo com a Cedae, o problema relativo à qualidade da água se deve à presença já confirmada de geosmina em amostras coletadas. Esta é uma substância orgânica produzida por um tipo de alga. Especialistas relacionam a presença da geosmina à falta de tratamento de esgoto lançado em rios que compõem a bacia do Guandu.
Ontem, docentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirmaram que há riscos à saúde da população no produto fornecido pela empresa.
“Há uma evidente degradação ambiental dos mananciais que são utilizados para o abastecimento público da região metropolitana do Rio”, afirmou a universidade através de nota divulgada pela Reitoria. “Essa degradação compromete a qualidade da água, dificulta seu tratamento e pode colocar em risco a população.”
Ontem, o presidente da Cedae, Hélio Cabral, pediu desculpas à população do Rio pelos transtornos causados por conta do abastecimento. De acordo com ele, a partir da semana que vem, o reservatório do Guandu terá uma etapa extra de tratamento da água com carvão ativado que retira da água a geosmina.
Segundo a Cedae, a substância não faz mal à saúde. Cabral admitiu, no entanto, que não sabe o que poderia estar causando a turbidez da água que chega à população —a geosmina não causa turbidez. “Isso terá que ser investigado.” Questionado, Cabral não informou prazo para que o problema no abastecimento seja resolvido. A extensão do problema e o número de domicílios afetados também não foram informados.
O presidente da Cedae também confirmou a saída de Júlio César Antunes do cargo de chefe de tratamento de água do Rio Guandu, mas negou que a mudança se deva ao problema de abastecimento que atinge o estado. De acordo com Cabral, a mudança já estava prevista antes de as águas da Estação de Tratamento do Rio Guandu terem sido atingidas por geosmina.
Prateleiras vazias nos supermercados
Apreensivos com a qualidade da água, moradores do Rio têm optado pelo consumo de água mineral. A demanda é tanta que as prateleiras dos mercados têm ficado vazias.
Em um mercado na Tijuca, na zona norte da cidade, só havia garrafa de água com gás e mesmo assim, poucas unidades. Um funcionário do mercado avisou sobre a chegada de um carregamento de água mineral, o que deixou os clientes esperando. O primeiro carrinho com 60 engradados terminou em cinco apenas cinco minutos.
Moradores do Rio têm relatado cólicas, dores de barriga e garganta após o consumo de água dos filtros de casa. As secretarias municipal e estadual de Saúde disseram que não é possível estimar o número de atendimentos nas unidades devido ao problema de abastecimento de no Rio.
Fonte: UOL