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Santo André

O índice de mulheres vítimas da violência no Brasil ainda é grande, apesar das legislações e ações de combate a este crime. E foi sobre as ferramentas de combate que diversas trabalhadoras e associadas ao SEAAC de Santo André e Região se reuniram e discutiram na manhã do último sábado, dia 19, durante o 7º Encontro Regional da Mulher EAA. O evento, realizado em Ribeirão Pires, contou com palestra da professora e advogada Maíra Zapater e debate com a professora e pesquisadora do Núcleo de Antropologia e Direito da Universidade de São Paulo, Carmen Fullin, e a militante Iara Bento.

 

O presidente do SEAAC de Santo André e Região, Vagney Borges de Castro, iniciou o Encontro destacando a importância da integração entre mulheres e homens nos eventos. “É fundamental a participação dos homens juntos às mulheres para que o debate sobre violência doméstica produza sementes de transformação”, disse o presidente do sindicato e diretor de Negociações da FEAAC.

 

A diretora da Secretaria de Assuntos da Mulher, Criança e Adolescente da FEAAC e presidente do SEAAC de Campinas e Região, Elizabete Prataviera, destacou os objetivos dos Encontros Regionais da Mulher EAA e elogiou a expressiva participação masculina no evento promovido pelo SEAAC de Santo André. “São nos encontros que debatemos e refletimos sobre os direitos das mulheres, construindo assim uma sociedade mais justa e esta integração entre mulheres e homens torna o diálogo ainda mais rico”.

 

A debatedora Carmen Fullin também usou a palavra para destacar a importância da realização de eventos como o Encontro da Mulher, promovendo a reflexão coletiva em coisas cotidianas no intuito de descontruir os preconceitos e as discriminações. Já Iara Bento destacou a importância do “empoderamento” por meio da conscientização para mudar a realidade e, assim, produzir mais igualdade de gênero e raça. 

 

Estereótipos

A advogada e professora Maíra Zapater iniciou a palestra desconstruindo alguns conceitos sobre o que é ser homem e o que é ser mulher. “Antes de falarmos sobre combater esta violência, temos que entender como surgiu esta construção sociocultural dos estereótipos enraizados sobre a desigualdade entre homens e mulheres, e como isso produz preconceitos e discriminações”, explicou a especialista em Direito Penal. 

 

Maíra contou que, desde 1611, cientificamente o gênero feminino é visto em relação de desigualdade ao gênero masculino, sendo as mulheres consideradas pela ciência ‘seres masculinos imperfeitos há mais de 1.700 anos. “E esses pensamentos são traduzidos até os dias atuais em propagandas de TV, nas telenovelas, nas piadas da internet. São o substrato reprodutor das discriminações contra as mulheres.”

 

Em seguida, Maíra fez uma análise histórica dos diretos das mulheres e da construção social que levou ao conceito da igualdade entre homens e mulheres no texto da Lei da Constituição Federal de 1988. A palestrante também destacou a criação da Lei Maria da Penha, resultado de luta tanto do movimento de mulheres, quanto da cidadã Maria da Penha, em situação de violência doméstica, que foi até as últimas consequências ao luta por justiça. 

 

Finalizando a palestra, a advogada apontou que Encontros como os realizados pelos SEAACs e pela FEAAC são o caminho para mudar a mentalidade que reforça a desigualdade e os diversos tipos de violência contra mulher. “Nestes eventos é possível desconstruir dentro de nós padrões de pensamento que não nos permite nos enxergar como pessoas iguais e livres, protagonistas, junto aos homens, de um mundo mais equânime.”

 

Logo após a palestra, as debatedoras Carmen Fullin e Iara Bento apresentaram questionamentos à palestrante. Trabalhadoras e trabalhadores também puderam tirar dúvidas com Maíra.

 

Estadual

As apresentações realizadas no Encontro Regional da Mulher do SEAAC de Santo André serão levadas ao 7º Encontro Estadual da Mulher EAA, promovido pela FEAAC no dia 8 de março de 2014. Sob o tema ‘Ser Mulher no Mundo Atual”, o encontro irá abordar todos os questionamentos apresentados durante os Encontros Regionais realizados pelos SEAACs. As delegações participantes, que serão formadas por trabalhadoras e associadas que participaram do evento regional, irão participar de palestras e discutir os temas apresentados com o objetivo de criar propostas e ações voltadas às trabalhadoras da categoria.

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