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Sem feriado, fim de semana ou férias: é possível morrer de tanto trabalhar?

Imagem: iStock

Você é tão viciado em trabalho que não consegue se desligar dele nas horas livres? Pois se a resposta for sim, você é um workaholic, termo em inglês para quem trabalha de forma compulsiva, motivado pelas conquistas profissionais, e tem pouco interesse em outros assuntos. Mas atenção: o workaholismo prejudica a saúde física e mental e pode matar.

Segundo dados da OMS e da OIT (Organização Internacional do Trabalho) publicados na revista Environment International, 745 mil pessoas morreram no mundo, em 2016, de AVC e doenças cardíacas relacionadas a longas horas de trabalho. O estudo define longas horas de trabalho como 55 horas ou mais por semana. É o seu caso?

Quando o trabalho pode matar
Trabalhar é uma atividade importante, mas ao contrário do que muitos pensam, quando cumprida em excesso deixa de ser positiva e o trabalhador torna-se menos eficiente.

Para piorar, são vários os fatores que afetam a saúde e podem se somar ao expediente comprido, como situações de trabalho precárias, informais, insalubres ou perigosas, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, violência e assédio.

Ao se juntar tudo isso, o trabalho em excesso pode levar a diversas consequências negativas:

  • Problemas de saúde física, como hipertensão, infarto, doenças gastrointestinais (gastrite, diarreia), insônia, dor de cabeça, alergia, queda de imunidade, sudorese (suor excessivo).
  • Problemas psicoemocionais, como estresse, ansiedade, depressão, burnout, suicídio.
  • Redução de criatividade e aumento de automatismo no que faz.
  • Deterioração das relações afetivas e sociais, isolamento.
  • Dependência química em álcool, cigarro, cafeína e drogas estimulantes.

Trabalhar 60 horas ou mais por semana também eleva em 40% o risco de se desenvolver a longo prazo doenças crônicas, como diabetes, asma, artrite e câncer.

Sinais para se prestar atenção
Algumas pessoas podem ignorar os sintomas ou achar que não têm tempo para cuidar da saúde, e é aí que o risco de sofrer um mal súbito dispara. É o que acontece com frequência no Japão, onde são altos os índices de mortes por excesso de trabalho, chamado de “karoshi”. Essa palavra se refere a óbitos de empregados expostos a muita pressão no meio profissional.

Mas há outros fatores na lista do que contribui para esse tipo de fatalidade:

  • Má alimentação diária: doces, frituras, processados e lanches rápidos
  • Ser o primeiro a chegar e o último a sair da empresa
  • Não tirar férias, finais de semana ou feriados
  • Levar trabalho para casa e ficar conectado ao e-mail e ao celular o tempo todo
  • Não ter hobbies, lazer ou diversão fora do trabalho
  • Viver estressado, sobrecarregado, exposto a conflitos
  • Não dormir bem nem praticar atividades físicas regularmente

Essas consequências podem afetar não apenas os indivíduos, de forma direta, mas também suas famílias, cônjuges, as próprias empresas e a sociedade em geral.

Para se ter ideia, doenças físicas e mentais por excesso de trabalho podem ter um impacto econômico significativo, com um custo estimado à economia global de US$ 1 trilhão por ano em perda de produtividade.

Como ser eficiente e ter boa saúde
É importante promover um equilíbrio entre o trabalho e o lazer, cultivar bons hábitos, cuidar da saúde física e emocional, estabelecer limites, se organizar e buscar apoio profissional quando necessário. Mas também cobrar pela garantia de direitos trabalhistas (para que empresas e governos, por exemplo, limitem horas extras), e saber reconhecer a hora de pedir demissão.

Inclua ainda essas atitudes que podem te ajudar a ter uma rotina mais saudável e produtiva:

  • Criar uma rotina e definir horários para as suas atividades profissionais e pessoais Fazer pequenas pausas ao longo do dia para movimentar o corpo e relaxar a mente Se trabalhar em casa, separar um espaço próprio, que não seja o sofá ou a cama Evitar pular refeições e alimente-se de forma consciente Trabalhar fora do horário apenas em situações excepcionais Cultivar um passatempo, viajar, ter uma vida social interessante e divertir-se Dar um tempo nas redes sociais e demonstrar seu amor pelas pessoas importantes Aprender a viver no presente e desenvolver a inteligência emocional

Conciliar o trabalho com boa saúde é um desafio para muitas pessoas, mas não é impossível. Com algumas mudanças, é possível obter bem-estar pessoal e melhorar o desempenho profissional. Não deixe que seus afazeres consumam toda a sua energia e tempo e lembre-se que há muitas outras prioridades na vida, que é uma só e merece ser usufruída no presente.

Fontes: Henrique Bottura, psiquiatra e diretor clínico do IPP (Instituto de Psquiatria Paulista); Júlio Barbosa, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião; e Paulo Camiz, médico e professor de clínica geral do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo)

Fonte: VivaBem/UOL