Sindicalistas afirmam que os trabalhadores não vão pagar a conta
Sindicalistas estão preocupados com o anúncio feito por integrantes do governo Dilma Rousseff que, para garantir as metas fiscais, divulgaram medidas amargas contra a classe trabalhadora.
Representantes das centrais sindicais e governo já têm data para sua primeira reunião de 2015. Como pauta principal, as centrais irão questionar o governo sobre o pacote de medidas apresentado em dezembro de 2014, que prevê mudanças no acesso a alguns benefícios trabalhistas e previdenciários.
Para o presidente da CTB, Adilson Araújo, os primeiros indícios apontam um ano de muita complexidade. E a medida provisória com mudanças nos benefícios soou como um balde de água fria para os sindicalistas. Ele avalia que os sinais vão no sentido de que tudo será voltado para um ajuste fiscal, o governo vai fazer todos os esforços para a construção da chamada austeridade monetária.
Adilson destacou que é preocupante que isso venha a resultar em cortes nos investimentos públicos e, consequentemente, em arrocho. “O mundo está diante de uma crise de grandes proporções, mas nós não podemos nos render ao discurso do mercado”, afirma.
Valorização do salário mínimo é fundamental
Outro ponto que preocupa sobremaneira os sindicalistas, diz respeito às declarações do novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, de que o governo iria enviar uma nova regra de reajuste do salário mínimo ao Congresso Nacional.
A preocupação cresce à medida que se identifica um Congresso com perfil ainda mais conservador do que o atual, o que pode abrir caminho para iniciativas de retirada ou “flexibilização” de direitos.
Para o coordenador de atendimento técnico sindical do Dieese, Airton Santos, a política de valorização do salário mínimo não é importante apenas para os trabalhadores e aposentados que o recebem, mas para os demais salários também.
Segundo o coordenador, o reajuste de 8,8%, em vigor desde 1º de janeiro, que elevou o valor do salário mínimo para R$ 788, representa uma “razoável” massa de recursos injetada na economia e cria um efeito “dinâmico” na sociedade. “Um efeito multiplicador, porque esses recursos vão para as pessoas de renda baixa e voltam diretamente para a economia, como consumo”.
Airton afirma que, juntamente com as políticas de transferência de renda e os esforços do movimento sindical em conquistar aumentos reais, o salário mínimo tem sustentado o mercado interno. “Sua importância é ainda maior, pois faz com que o piso salarial de diversos setores da produção sejam puxados para cima, garantindo um aumento geral dos salários.”
Sobre o aventado risco de revisão das regras de reajuste do mínimo, o coordenador do Dieese diz que qualquer mudança teria de ser discutida no Congresso.
“Mas acho que o Congresso não é suficiente para discutir isso. O movimento sindical precisa estar atento e, se necessário, pôr o bloco na rua, porque a gente sabe que tem resistência.”
Para o presidente da CTB, a presidenta Dilma tem de enxergar que seu primeiro grande teste de força é não romper com os movimentos sociais. “O preço que a classe trabalhadora pode pegar em defesa do governo é lutar pela estabilidade, mas não podemos abrir mão de nossas conquistas. Precisamos pressionar o governo para estar cada vez mais próximos dos anseios da população”, completou o dirigente.
Fonte: CTB