Voluntariado corporativo desenvolve lideranças humanizadas nas empresas
“Você já fez trabalho voluntário?” A resposta é “sim” para cerca de 57 milhões de brasileiros, segundo a ‘Pesquisa Voluntariado no Brasil 2021’, realizada pelo Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) em parceria com o Instituto Data Folha.
O trabalho voluntário é uma atividade não remunerada e sem fins lucrativos, realizada por pessoa física ou jurídica em benefício de alguém ou de alguma causa, com objetivos ligados à cultura, educação, assistência social entre outros. Para reforçar sua importância, o Brasil celebra o Dia Nacional do Voluntariado em 28 de agosto.
O conceito ainda é confundido com outra prática que os brasileiros conhecem bem: a caridade – ação assistencial realizada para aplacar uma questão pontual. Doações financeiras, de alimentos, de roupas, de brinquedos entre outros, tem uma importância significativa no país, mas diferente do voluntariado, não visam combater a causa estrutural de um problema. Apenas remediá-lo.
O voluntariado precisa ser uma consciência coletiva e, por isso, deveria ser iniciado nas escolas, desde cedo. Ele se alimenta da necessidade de diminuir a desigualdade social do país. Esse propósito tem sido incorporado também pelas empresas, cada vez mais adeptas do chamado ‘voluntariado corporativo’ em que as empresas entendem os benefícios de doar a tríplice: tempo, dinheiro e trabalho.
Envolver profissionais para que entendam o valor do voluntariado, abre um campo de oportunidades para que esses recebam em troca o desenvolvimento de habilidades muito valorizadas hoje em dia, como: empatia, resiliência, flexibilidade, comunicação, escuta ativa, trabalho em equipe e uma série de outras conhecidas como softskill. Além disso, o voluntariado corporativo ajuda a formar a cultura para os compromissos ESG assumidos pela empresa.
Mais que uma boa ajuda para complementar as ferramentas de gestão, o voluntariado corporativo tem colaborado para humanizar as relações de trabalho. Em muitos casos, até desperta no profissional a vocação escondida para atuar no terceiro setor. Uma mudança de rumo de carreira, movida pela oportunidade de transformação social. Esse é um caminho sem volta. Palavra de quem percorreu essa trajetória.
Foi isso que me moveu há 20 anos para transformar a minha carreira de executiva do setor de Tecnologia à fundadora e gestora de uma ONG que ampara crianças e famílias em vulnerabilidade social. Essa transição me fez entender que nosso papel na construção de uma sociedade mais justa é um desafio e uma missão. Especialistas afirmam que se você consegue ajudar cinco pessoas ao seu redor você já está promovendo uma mudança no mundo.
Um bom voluntário deve ter uma causa, um propósito que faça sentido para o voluntário que deve encarar essa ação como um compromisso que requer recorrência, regularidade e conhecer a fundo a instituição que vai apoiar. Mentorias de carreira para jovens, transferência de conhecimentos técnicos, palestras e workshops são exemplos de ações voluntárias que podem ser desenvolvidas.
O trabalho voluntário, sem dúvida é uma atividade que transforma em primeiro lugar o voluntário. Nos desafia a desconstruir o péssimo hábito de dar ao próximo aquilo que julgamos que ele precisa, sem conhecimento total da causa. É entender que o voluntariado, definitivamente, é sobre o outro e não sobre mim. É assim que poderemos colaborar com o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, de um mundo mais habitável e igualitário.
Fonte: Uol