Pesquisa Vox Populi confirma a força da representação sindical
A pesquisa Vox Populi revela a influência da representação sindical e a confiança dos trabalhadores na defesa de seus direitos.
A nova pesquisa Vox Populi, “O Trabalho e o Brasil”, expôs uma verdade que muitos tentaram distorcer nos últimos anos: os sindicatos seguem essenciais para a proteção da classe trabalhadora. Nada menos que 68% dos entrevistados afirmam que o sindicato é importante ou muito importante para defender direitos e melhorar as condições de trabalho. Não é opinião isolada; é a voz do Brasil que trabalha.
A pesquisa ouviu 3.850 pessoas — trabalhadores formais, informais, autônomos, servidores, aposentados, desempregados e trabalhadores de aplicativo. É o retrato inteiro do país. E esse retrato revela que, apesar da precarização crescente e da tentativa permanente de enfraquecer o movimento sindical, a confiança no sindicato está viva e é majoritária.
Liberdade e dignidade
Sempre defendemos que liberdade não se limita a falar o que se pensa. Liberdade exige condições reais para viver com dignidade: renda justa, acesso a saúde, educação, segurança, moradia, respeito. Quando essas condições não estão presentes, não há liberdade plena.
E é aqui que o sindicato se torna indispensável. Ele não existe por capricho, mas porque a exploração, a desigualdade e o abuso ainda são realidades. Enquanto houver injustiça, haverá necessidade de organização coletiva. A pesquisa comprova que os trabalhadores sabem disso.
Reconhecimento da luta sindical
Os números escancaram essa percepção:
- 68% reconhecem que o sindicato melhora salários e condições de trabalho.
- 67,8% enxergam melhora na qualidade de vida.
- 67,1% valorizam nossa mediação com as empresas.
- 64,3% apontam a importância da defesa de direitos.
Não são resultados tímidos, são afirmações poderosas sobre o papel do movimento sindical no cotidiano de milhões de brasileiros. O apoio ao direito de greve — ultrapassando 70% — reforça a compreensão social de que lutar é legítimo e necessário.
O desafio da presença
Apesar do reconhecimento, a pesquisa aponta um paradoxo relevante: 52,4% dizem não conhecer as ações concretas dos sindicatos. Esse dado não deve ser visto como crítica, mas como um pedido.
Os trabalhadores deixaram claro o que querem:
- mais presença no local de trabalho;
- mais comunicação direta;
- mais iniciativas de qualificação.
Ou seja: a população não rejeita o sindicato. Ela quer o sindicato mais perto. Cabe a nós ampliar nossa presença, renovar estratégias e intensificar o diálogo com uma classe trabalhadora que mudou — e mudou rápido.
Autônomos
Entre todos os resultados, talvez o mais simbólico seja o desejo de representação entre os autônomos e empreendedores. Quase metade (49,6%) afirma que gostaria de ter um sindicato próprio.
Isso desmonta o discurso que tenta vender a informalidade como liberdade. A falta de direitos não emancipa; fragiliza. Não é por acaso que 56% dos autônomos que já tiveram carteira assinada gostariam de voltar ao regime CLT. Eles sabem que direitos importam — e fazem falta.
A legislação brasileira ainda limita a organização sindical desse segmento, mas o recado é evidente: uma parte enorme da classe trabalhadora hoje está desprotegida e deseja representação. Esse é um debate urgente para o Brasil.
O sindicalismo necessário
A Vox Populi desmonta a narrativa de que os sindicatos perderam relevância. Não perderam.
O que existe é um novo cenário de trabalho, fragmentado por terceirizações, pejotização, rotatividade e aplicativos. E é nesse terreno instável que o sindicato precisa atuar — reinventando formas de organização, ampliando o alcance e construindo pontes com trabalhadores que antes estavam fora do nosso radar.
Compromisso com a base
Como presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, recebo a pesquisa com orgulho, mas também como uma convocação. O trabalhador brasileiro acredita no sindicato e quer mais da nossa atuação. E nós estamos prontos para intensificá-la.
- Vamos estar mais presentes!
- Vamos comunicar mais e melhor!
- Vamos ampliar a formação e a proteção!
- Vamos avançar na organização de todos os que vivem do próprio trabalho — com ou sem carteira assinada!
A pesquisa mostra que seguimos essenciais, mas a responsabilidade cresce junto com a confiança. E é com coragem, firmeza e compromisso que vamos responder a esse chamado.
Porque sindicato forte não nasce do acaso — nasce da união. E categoria unida constrói liberdade, dignidade e futuro.
Eduardo Annunciato (Chicão) é Presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo e da Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente – FENATEMA, Diretor de Educação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) e Vice-presidente da Força Sindical
Fonte: Rádio Peão Brasil
