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Contra a fome: cooperativas apresentam plataforma de ações estratégicas de economia solidária

Iniciativa é da União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias (Unicopas)

Cooperativas defendem economia solidária no combate à fome e ao desemprego
Cooperativas defendem economia solidária no combate à fome e ao desemprego – Pedro Stropasolas / Brasil de Fato

 A maioria dessas cooperativas é ligada à própria produção de alimentos

Três em cada dez famílias brasileiras passam fome no Brasil, de acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). No sentido de mudança dessa realidade, a União Nacional das Organizações Cooperativistas Solidárias (Unicopas) elaborou a “Plataforma de ações estratégicas do cooperativismo solidário“.

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O documento reúne propostas para a construção de um modelo econômico alternativo aos modelos de produção atuais, a partir da economia solidária e do cooperativismo, para solucionar problemas atuais, como o desemprego e a fome.

Com a iniciativa, lideranças cooperativistas defendem a construção de um conjunto de políticas e programas que levem em consideração a distribuição de riqueza, a valorização do ser humano e o respeito ao meio ambiente, tendo como base as cooperativas de agricultores familiares.

Sandra Nespolo Bergamin, dirigente da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), disse que “é somente através da organização em cooperativa” que será possível “conseguir uma nova sociedade, mais justa, mais fraterna e mais inclusiva”.

Para isso, ela afirma que “os agricultores e as agricultoras familiares organizadas nas cooperativas da agricultura familiar e nas cooperativas de economias solidárias do Brasil necessitam de uma proposta diferenciada, e o documento da plataforma traz esse diferencial e retrata esta diferença e a importância de ter políticas públicas que venham ao encontro das necessidades das pessoas”.

Nessa mesma linha, Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, defende que as cooperativas e as organizações de economia solidária “são partes estratégicas da retomada” econômica, a partir da geração de empregos e da produção de alimentos saudáveis para o mercado interno.

“A maior parte dessas cooperativas são ligadas à própria produção de alimentos. Nós estamos aqui com cooperativas que produzem comida de verdade, sem veneno, agroecológica. Por isso, eles [cooperados] vão ajudar a garantir um aumento da produção de comida de verdade, o que vai ser fundamental nesse processo de combate à fome.”

Propostas

As 51 páginas da plataforma incluem propostas a partir de três pontos principais: crédito para investimento, crédito para capital de giro e organização social. Entre as propostas, estão a criação do Programa Brasil Trabalha, que deve coordenar o processo de “desenvolvimento de estratégias de formação, assessoria técnica e fomento à formação de Cooperativas de Trabalho, como estratégia central, na constituição de portas de saída das políticas sociais e prioridade de contratação em obras e contratos públicos”.

As cooperativas também propõem a construção do programa Formação Profissional e Cidadã, com vistas à formação de cooperativistas urbanos e rurais em gestão, contabilidade, administração e outros, tendo como público preferencial jovens e mulheres.

Outra proposta é a constituição de fundos específicos dentro dos fundos constitucionais (Fundo de Financiamento do Centro-Oeste – FCO; Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste – FNE; Ficha de Cadastro Nacional de Empresas – FCN).

Para as cooperativas de regiões não atendidas, a plataforma propõe a criação de um fundo específico dentro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Nós nos propomos, com essa plataforma, chegar ao governo e propor a organização da sociedade civil, principalmente no que tange ao desemprego e à fome, para a agricultura familiar ser uma grande referência em produção de comida e a organização social no meio urbano para receber essa comida”, afirma Francisco Dal Chiavon, presidente da Unicopas.

“Nós entendemos que a reestruturação da Conab [Companhia Nacional do Abastecimento] e a viabilidade das políticas públicas, como o PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar] e o PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], são instrumentos importantes para gente avançar organização social e ajudar a resolver esses problemas que nós temos na sociedade.”

A Unicopas reúne cerca de duas mil cooperativas de diferentes ramos, como a Confederação das Cooperativas da Reforma Agrária do Brasil (CONCRAB), União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), União Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (UniCatadores) e Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários (Unisol).

Fonte: Brasil de Fato