Lula e Biden defendem sindicatos e lançam parceria por ‘trabalho digno’
O presidente Lula (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, lançaram hoje, em Nova York (EUA), uma parceria que visa fortalecer direitos trabalhistas nos dois países e fizeram uma forte defesa sobre a importância do sindicato nas negociações de trabalho.
O que aconteceu
Chamada “Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores e Trabalhadoras”, esta é a primeira iniciativa dos dois países relacionada a direitos trabalhistas. Segundo o Palácio do Planalto, o objetivo é aumentar o número de empregos e melhorar as condições empregatícias no Brasil e nos EUA, tão diferentes entre si.
A iniciativa já havia sido anunciada em agosto, após telefonema entre os dois. Nos EUA, Biden é um dos políticos democratas mais próximos ao sindicalismo, origem política de Lula.
No encontro, o petista destacou que é necessário discutir como valorizar os salários em um contexto de transição energética e crises nas democracias ocidentais. “O trabalho está precarizado, o salário está aviltado, cada vez mais os trabalhadores trabalham mais e ganham menos”, disse Lula.
Governo Biden é pró-sindicatos
“Queremos criar, quem sabe, um novo marco na relação entre capital-trabalho, uma relação do século 21, civilizada. Todas as pessoas que
acreditam que sindicato fraco vai fazer com que o empresário ganhe mais estão enganadas. Não há democracia sem sindicatos fortes, porque os sindicatos são quem fala efetivamente pelo trabalhador”, Lula, em encontro com Biden.
“Não queremos que só uma classe se saia bem. Queremos que os pobres tenham oportunidades de subir na vida, e essa visão é impulsionada por uma força trabalhista forte. É por isso que o meu governo tem sido chamado de o governo mais pró-sindicatos da história dos EUA. […] Os lucros sem precedentes devem se traduzir em salários mais altos, e por isso lançamos essa parceria para os direitos trabalhistas”, Biden, em encontro com Lula.
A parceria poderá chegar ao âmbito do G20, disse Lula. O brasileiro destacou a sua atual gestão na presidência do órgão multilateral. Ao todo, o encontro durou pouco mais de uma hora.
Esta é a segunda vez que os dois se reúnem bilateralmente. Em fevereiro, Lula fez uma visita a Washington, pouco depois de assumir a Presidência. A retomada das boas relações entre os dois se contrapõe à proximidade que havia entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Lula, e o ex-presidente norte-americano Donald Trump, derrotado por Biden.
“É o renascer de um novo tempo na relação entre os EUA e o Brasil. Uma relação de iguais, soberana, de interesses comuns do povo trabalhador do seu país e do meu país”, Lula, em encontro com Biden.
Entenda a iniciativa de Brasil e EUA
A parceria visa estreitar a colaboração entre os governos, centrais sindicais e a OIT (Organização Internacional do Trabalho), com foco em “desenvolvimento inclusivo, sustentável e amplamente compartilhado com todos os trabalhadores e trabalhadoras”.
O governo brasileiro cita a necessidade de “ampliar o conhecimento público sobre os direitos trabalhistas e oferecer oportunidades para que os trabalhadores e trabalhadoras se capacitem para defender seus direitos”, nas diretrizes da parceria.
Também há interligação com a temática climática, a fim de garantir que “a transição para fontes limpas de energia proporcione oportunidades de bons empregos para todos e todas”.
As formas de trabalho nas plataformas digitais são mencionadas como tópico a ter mais proteção aos direitos dos trabalhadores.
Fonte: UOL