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Recenseadores fazem greve; IBGE diz que coleta do Censo não foi afetada

Recenseadores contratados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a coleta de campo do Censo Demográfico 2022 fizeram nesta quinta-feira, 1º, uma paralisação para reivindicar a regularização de pagamentos atrasados e melhores condições de trabalho, entre outras pautas.

A convocação, que ganhou corpo nas redes sociais, teve adesão de trabalhadores temporários lotados em diferentes regiões do País. No entanto, o IBGE informou que o trabalho de coleta não foi prejudicado pela greve.

“O IBGE esclarece que a coleta do Censo 2022 transcorre normalmente em 1º de setembro de 2022. Na data de hoje, alguns recenseadores pediram para conversar com as superintendências do IBGE em alguns estados. Foram recebidos e ouvidos”, informou o IBGE, em nota, ao Broadcast.

O Censo Demográfico 2022 já contou mais de 63 milhões de pessoas no País até esta quinta-feira, segundo balanço parcial divulgado pelo IBGE no site do órgão. Porém, o instituto ainda enfrenta dificuldades em contratar os recenseadores necessários para completar o trabalho de campo até outubro. Na terça-feira, 30, o IBGE informou que tinha 144.634 recenseadores em atividade, apenas 78,8% do total de vagas disponíveis.

O IBGE reconheceu que houve atraso no pagamento de auxílios prometidos aos trabalhadores temporários, especialmente os referentes ao tempo de treinamento, e anunciou mudanças nesta semana no procedimento de remuneração. O órgão comunicou que passou a liberar pagamentos parciais a recenseadores que alcançarem uma cobertura mínima de coleta em setores censitários, aumentou o auxílio deslocamento de algumas regiões, e estuda elevar a remuneração de questionários em locais que têm apresentado maior dificuldade que o previsto.

“O IBGE lembra que mais de 99% dos problemas de atraso no pagamento dos recenseadores já foram sanados desde a semana passada, e que novos procedimentos na rotina de pagamentos foram adotados, a partir desta semana, para agilizar o processo”, divulgou o instituto.

O sindicato nacional dos servidores do IBGE, o Assibge, divulgou nota declarando que está acompanhando o movimento dos recenseadores, “que vem se organizando de modo espontâneo para denunciar problemas na operação censitária”.

“Questões como remuneração inadequada, atrasos nos pagamentos de ajuda de custo, falta de um protocolo institucional para tratar a violência no trabalho nas ruas, insegurança em procedimentos técnicos para realizar o trabalho de campo e falta de divulgação da pesquisa são problemas denunciados pelos recenseadores”, menciona o sindicato, na nota oficial.

O sindicato atribui parte dos problemas enfrentados pelos temporários ao corte na verba do Censo Demográfico, que foi orçado inicialmente pela equipe técnica do IBGE em mais de R$ 3 bilhões para ir a campo em 2020, mas foi enxugado a R$ 2,3 bilhões para ocorrer em 2022, a despeito da inflação acumulada no período. Os recenseadores começaram a visitar todos os cerca de 75 milhões de lares brasileiros no último dia 1º de agosto.

“O corte no orçamento do Censo reflete em baixas remunerações, rotatividade de pessoal e em uma divulgação precária. O número insuficiente de servidores efetivos do IBGE tem resultado em um suporte inadequado ao pessoal temporário. Esses fatores estão diretamente relacionados aos problemas relatados pelos recenseadores”, avaliou o sindicato dos servidores do IBGE.

Em nota, o Assibge informou que solicitou uma reunião com a direção do órgão para tratar dos problemas relativos ao Censo Demográfico. O sindicato conta que foi procurado por pessoas que dizem fazer parte do movimento grevista, mas que não tem participação na mobilização dos recenseadores.

Em circular enviada aos núcleos sindicais, a executiva nacional lembra que os temporários contratados para o Censo integram a base de trabalhadores da entidade sindical e solicita que as unidades ofereçam, “tanto quanto possível, apoio político, jurídico e administrativo” a quem relatar questões de assédio moral, atrasos de pagamento ou qualquer outro problema trabalhista.

Fonte: UOL Economia