Desocupação recua 1,6% com informalidade e trabalhos mal remunerados
Dados do IBGE alertam que rendimento é o menor desde 2012 e que a elevação do setor informal é muito expressiva atingindo 40,6% da população economicamente ativa
A taxa de desocupação caiu para 11,6% no trimestre encerrado em novembro, recuo de 1,6 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior refletindo o aumento de vagas no fim de ano. A maior parte da expansão da ocupação veio do comércio, com aumento de 4,1%, ou 719 mil pessoas a mais trabalhando no setor. Já a indústria teve crescimento de 3,7%, o que representa um acréscimo de 439 mil pessoas a esse grupamento de atividade. O segmento de alojamento e alimentação, um dos mais prejudicados desde o início da pandemia de Covid-19, teve seu contingente de trabalhadores aumentado em 9,3%. São 438 mil empregados a mais.
O número de desempregados diminuiu 10,6% nesse mesmo período, chegando a 12,4 milhões. É uma redução de 1,5 milhão de pessoas. Quando comparado ao mesmo período do ano anterior, houve queda de 14,5%, o que representa 2,1 milhões a menos em busca de trabalho. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje (28) pelo IBGE.
A elevação do setor informal, entretanto é muito expressiva, 40,6% , e puxou essa elevação da ocupação. A informalidade se manteve estável frente ao trimestre anterior. “Do crescimento de 3,2 milhões de trabalhadores no número de pessoas ocupadas, 43% vieram do trabalho informal. Embora a informalidade continue se destacando na expansão da ocupação, a participação do trabalho formal no setor privado vem aumentando e contribuindo também para a recuperação da ocupação no país”, explica a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
Além disso, o rendimento real habitual caiu 4,5% frente ao trimestre anterior e 11,4% em relação ao mesmo trimestre de 2020. Ele foi estimado em R$2.444 no trimestre encerrado em novembro, o menor já registrado pela série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. “Isso significa que, apesar de haver um aumento expressivo na ocupação, as pessoas que estão sendo inseridas no mercado de trabalho ganham menos. Além disso, há o efeito inflacionário, que influencia na queda do rendimento real recebido pelos trabalhadores”, explica.
Na comparação com o trimestre encerrado em agosto, o número de pessoas ocupadas aumentou 3,5%. São 3,2 milhões de pessoas a mais no mercado de trabalho. “Esse resultado acompanha a trajetória de recuperação da ocupação que podemos ver nos últimos trimestres da série histórica da pesquisa. Esse crescimento também já pode estar refletindo a sazonalidade dos meses do fim de ano, período em que as atividades relacionadas principalmente a comércio e serviços tendem a aumentar as contratações”, afirma Beringuy. Com isso, o nível de ocupação, percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 55,1%, um aumento de 1,7 ponto percentual frente ao trimestre anterior.
Assim como nos trimestres anteriores, o número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado aumentou. O crescimento foi de 4,0% frente ao trimestre encerrado em agosto, o que representa 1,3 milhão de pessoas. “No setor privado, os segmentos de comércio, indústria, saúde e educação e de tecnologia da informação e comunicação foram os que mais expandiram a sua ocupação com trabalhadores com carteira assinada”, diz a pesquisadora.
Também houve aumento de 7,4% no contingente de empregados sem carteira no setor privado, ou adição de 838 mil pessoas. Frente ao mesmo período do ano anterior, o aumento foi de 18,7%. O número de trabalhadores por conta própria também cresceu: o aumento foi de 588 mil pessoas (2,3%) em relação ao último trimestre e de 3,2 milhões (14,3%) frente ao trimestre encerrado em novembro de 2020. Na categoria dos trabalhadores domésticos, o aumento na ocupação foi de 6,0% frente ao trimestre anterior e de 22,5% em relação ao mesmo trimestre de 2020.
Fonte: IBGE