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Marca Reserva cria vitrine com negro invadindo loja: violento e irresponsável

Em frente a uma loja da marca Reserva, um manequim representando um menino negro está abaixado, como se tivesse passando pela vitrine da loja. Essa imagem chocante viralizou nas redes sociais. E não se trata de montagem. A foto foi tirada segunda-feira, em Salvador, por frequentadores do shopping Barra que se assustaram com o racismo presente na imagem.

É, de fato, chocante. No país onde o refugiado africano Moïse foi assassinado a pauladas e onde um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos, chega a ser desconcertante ver tal cena usada como cenografia em um shopping center. É agressivo, violento e irresponsável.

Os responsáveis pela marca, pelo jeito, não sentiram o mesmo choque ao olhar as fotos. Segundo comunicado da Reserva, a ideia era simplesmente mostrar que a loja estava em liquidação, que as pessoas corriam para pegar as peças. Eles informaram também que a vitrine foi desmontada depois das reclamações. Ok. Não Deve mesmo ter sido intencional. Mas como nenhuma pessoa da equipe se tocou que essa ideia era racista? Como pode alguém em um país como o Brasil ver essa imagem e não se enojar?

O racismo (e isso é ótimo) tem sido discutido todos os dias no país e esse tipo de “ato falho” não passa mais batido. As pessoas estão atentas. Mas, pelo jeito, alguns empresários continuam cochilando. Como é possível que marcas continuem repetindo esses “erros”?

Reincidentes

No caso da Reserva, inclusive, não é por falta de aviso. A marca já errou e foi acusada de racismo e machismo várias vezes. Em todas as ocasiões, a grife, que tem Luciano Huck como um dos sócios, pediu desculpas e negou o preconceito.

Talvez poucos se lembrem, mas em 2016 a mesma marca colocou manequins negros de ponta cabeça em uma loja no Rio de Janeiro, o que dava a impressão de que eles estavam sendo enforcados. A imagem causou horror. Eles se desculparam. Em 2018, eles foram criticados depois de fazer uma campanha de Dia dos Namorados com o “gemidão do zap”, um trote em que o usuário recebe uma mensagem de áudio com uma mulher gemendo.

Mas teve mais. A Reserva vende camisetas espertas, algumas com frases engraçadas. Pois em 2015 a marca perdeu a mão e lançou camisetas com os dizeres: “Galinha é um animal. Georgia é um ser humano”; “Macaco é um animal. Fabrício é um ser humano”. A ideia era ser contra o preconceito. Mas deu errado e ficou parecendo que eles estavam comparando negros com macacos e mulheres com galinhas.

Errar é humano. E, neste caso, até deu para ver que eles tinham boas intenções. Mas outros escândalos protagonizados pela marca parecem mais um reflexo da personalidade dos donos e idealizadores da marca.

Em 2014, por exemplo, a grife lançou uma etiqueta em suas camisetas onde estava escrito: “Para entender melhor a simbologia de lavagem acesse nosso site. Ou dê para a sua mãe que ela sabe como fazer isso bem”. Ou seja, pela mentalidade deles, quem cuida das roupas é uma mulher, a mamãe. Parece ou não coisa de filhinhos de papai (e da mamãe)?

Esse tipo de homem filhinho de papai costuma ter a autoestima gigante, já que desde cedo ouve dos pais que é “o maior” e é tratado como “reizinho”. E, de fato, é cheio de privilégio mesmo, como todos os heteros brancos e “bem nascidos”. Mas já passou da hora de os donos e criadores da Reserva fazerem uma mudança de consciência profunda. Não é possível.

Outro lado

Em nota, a Reserva explicou que a vitrine “Loucuras pela Reserva”, com o boneco entrando pela porta da vitrine (o mesmo sempre usado normalmente no lado de dentro da vitrine) jamais teve como objetivo ofender qualquer pessoa ou disseminar ideias racistas. Eles informaram também que a vitrine seria desmontada. “A diversidade e a inclusão são valores essenciais da nossa marca”, finalizaram.

Fonte: UOL/Coluna Nina Lemos

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