54% dos trabalhadores não chegam ao fim do mês com salário, diz Serasa
Mais da metade dos trabalhadores brasileiros não conseguem chegar até o final do mês com o salário na conta, segundo a nova edição da Pesquisa de Saúde Financeira e Bem-Estar do Trabalhador Brasileiro 2025, realizada pela SalaryFits, empresa da Serasa Experian.
54% dos brasileiros com carteira assinada (CLT) ou que atuam como Pessoa Jurídica (PJ) precisam de renda extra para fechar o mês. O estudou coletou 1.029 entrevistas com funcionários de empresas públicas e de empresas privadas nos regimes CLT e/ou PJ entre maio e junho de 2025, de 22 a 60 anos, em todas as regiões do Brasil.
Apesar do alto percentual, houve melhora em relação a 2024. No ano passado, esse cenário afetava 62% dos profissionais. Ou seja: o número de trabalhadores que conseguem manter o salário durante todo o mês subiu de 38% para 46%, uma melhora de 8% em 12 meses.
Os dados mostram que apenas dois em cada dez entrevistados têm total controle sobre suas vidas financeiras. Dentre aqueles que alegaram ter menos controle há maior presença da Geração Z, da Classe C, dos trabalhadores PJ e daqueles que atuam em empresas menores.
“Parte dos trabalhadores, até mais do que no ano passado, está estável e consegue finalizar o mês com o salário na conta, indicando uma possível reorganização financeira. No entanto, para a outra metade, a realidade ainda é desafiadora. O custo de vida continua superior à renda para muitos, reforçando a necessidade de ampliar o acesso ao crédito de forma mais adequada à realidade do trabalhador, além de incentivar práticas de planejamento e educação financeira”, Délber Lage, CEO da SalaryFits, empresa da Serasa Experian.
Renda extra para fechar as contas
Dentre os entrevistados que não possuem salário suficiente para chegar ao fim do mês, 49% utilizam fontes de renda extra para fechar as contas e não ficar no vermelho. De acordo com os dados da pesquisa, a maior parte recorre ao uso de linhas de crédito, como cartão, cheque-especial e empréstimo ou utiliza renda familiar. Também existem aqueles que trabalham dobrado, como freelancer por exemplo.
Existe, porém, um grupo de 5% que não consegue chegar ao fim do mês com dinheiro e nem possui alternativas. “Para essas pessoas, a inadimplência é um risco real, mas contratar empréstimos mais vantajosos, com juros menores, como o consignado, por exemplo, ou renegociar dívidas ainda podem ser caminhos efetivos para evitar restrições futuras”, explica o CEO.
Para onde vai o salário?
O estudo também destacou que o principal destino do orçamento dos entrevistados são os itens essenciais. Alimentação (77%) e contas básicas como luz, água e gás (71%) lideram a lista de gastos mensais, indicando que boa parte da renda é absorvida por despesas fixas. Na sequência, estão compromissos financeiros de médio e longo prazo, como financiamentos (52%) e empréstimos (36%), além de despesas com consumo (33%) e estudos (20%).
Negativados
Com a pesquisa, ainda foi possível identificar que, nos últimos cinco anos, 66% dos trabalhadores entrevistados tiveram problemas financeiros. Dentre eles, 17% alegaram estar passando por esse problema atualmente.
O estudo também avaliou os últimos 12 meses dos respondentes em relação às suas finanças. Nesse recorte, 33% passaram por problemas econômicos e se tornaram negativados.
Geração Z é única que prioriza lazer
O destino da renda extra também varia de forma significativa entre as gerações entrevistadas, revelando padrões distintos de comportamento financeiro. Apesar disso, em comum, todas priorizam o pagamento de contas e despesas fixas — apontadas por 32% da Geração Z e Millennials, e por 30% da Geração X.
No entanto, frente aos demais usos, a Gen Z é a única que direciona parte significativa da renda extra para lazer (13%) e faz uso mais intenso do cartão de crédito (17%). Já os Millennials lideram com a quitação de empréstimos, dívidas (15%) e alimentação (13%). A Geração X, por sua vez, também usa o cartão de crédito (14%) e tem destaque para o pagamento de dívidas (13%).
Fonte: UOL