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Saúde mental no trabalho: pesquisas apontam desafios e avanços

A saúde mental no trabalho é vital. Conheça pesquisas que discutem o bem-estar psicológico e a satisfação profissional no Brasil.

As pesquisas mostram a urgência de priorizar a saúde mental no trabalho.

Duas pesquisas recentes reforçam a urgência de se discutir saúde mental no ambiente de trabalho no Brasil. A The School of Life Brasil, em parceria com a Robert Half, revelou em sua 6ª edição do estudo Inteligência Emocional & Saúde Mental no Ambiente de Trabalho como os profissionais percebem felicidade, propósito e exaustão no dia a dia corporativo.

Já o Dieese, no boletim Boas Práticas em Negociações nº 10, sistematizou cláusulas inovadoras de acordos e convenções coletivas que buscam garantir bem-estar psicológico aos trabalhadores.

O retrato dos profissionais: exaustão, valores e aumento no uso de medicamentos

A pesquisa da The School of Life Brasil & Robert Half, realizada entre janeiro e fevereiro de 2025 com 774 profissionais de diversas regiões do país, mostra um cenário preocupante:

  • Felicidade no trabalho: apesar de mais de 70% dos profissionais se declararem felizes, cresceu o número de líderes insatisfeitos — de 21,95% (2024) para 28,12% (2025).
  • Razões da satisfação: clima organizacional positivo, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e senso de propósito.
  • Motivos da insatisfação: líderes citam falta de propósito e relações tóxicas; liderados, baixos salários e pressão por resultados.
  • Exaustão emocional: quase metade relata sintomas de ansiedade, estresse ou burnout, mesmo sem diagnóstico formal. O número de líderes que se consideram emocionalmente abalados subiu de 16,34% para 21,65%.
  • Uso de medicamentos: o levantamento revelou também aumento no consumo de medicamentos relacionados à saúde mental — um sinal de que as pressões e sobrecargas do trabalho estão levando muitos profissionais a buscar soluções farmacológicas para lidar com o sofrimento psicológico.
  • Valores e propósito social: menos de 40% percebem um propósito maior de impacto positivo em suas empresas.
  • Comunicação e colaboração: apenas 34,48% dos liderados e 43,81% dos líderes avaliam a comunicação interna como clara. A colaboração ainda é vivida como prática cotidiana por apenas 16% dos entrevistados.

O papel da negociação coletiva: cláusulas pela saúde mental

O Dieese reuniu 18 exemplos de cláusulas coletivas que abordam saúde mental. Entre elas:

  • Auxílio bem-estar: reembolso mensal para atividades físicas.
  • Assistência psicológica: atendimento gratuito, presencial ou virtual, para trabalhadores e familiares em sofrimento mental.
  • Combate ao assédio e violência: cláusulas que criam canais de denúncia, campanhas de prevenção e acompanhamento psicossocial.
  • Qualidade de vida: programas de ergonomia, ginástica laboral, convênios com academias e licença remunerada para vítimas de violência doméstica.
  • Fatores psicossociais: estudos sobre o impacto das condições de trabalho no bem-estar, alinhados às recomendações da OIT/OMS.

Essas conquistas mostram que, embora o tema ainda seja novo, o movimento sindical vem transformando diagnósticos em garantias concretas, inserindo a saúde mental no centro das negociações coletiva.

Importância dos estudos

A leitura conjunta das duas pesquisas evidencia que:

  • A exaustão emocional é um fenômeno disseminado e já impacta a vida de líderes e liderados.
  • O aumento do uso de medicamentos é um alerta sobre a gravidade da crise de saúde mental no trabalho.
  • O movimento sindical, ao negociar cláusulas específicas, está criando mecanismos de proteção e apoio direto ao trabalhador.

Assim, o estudo da The School of Life Brasil & Robert Half oferece o diagnóstico do problema, enquanto o Dieese apresenta caminhos concretos para enfrentá-lo por meio da negociação coletiva.

Fonte: Rádio Peão Brasil