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Falta de dinheiro afeta saúde mental de 84% dos brasileiros, aponta estudo

Uma pesquisa encomendada pela Serasa e divulgada neste mês mostrou que 84% dos brasileiros relatam que o aperto financeiro prejudica a sua saúde mental.

70% dos brasileiros também admitiram já ter perdido o sono com dívidas. Para chegar ao número, a empresa de negociação de dívidas ouviu, em parceria com a plataforma de pesquisa Opinion Box, 1.240 pessoas por todo o país entre 8 e 19 de agosto. A pesquisa tem margem de erro de 2,8 pontos percentuais.

65% ainda afirmam se esforçar para esconder suas dificuldades financeiras, ou seja, ainda há vergonha e estigmas sociais associados à falta de dinheiro. Isso acontece mesmo com 95% dos brasileiros admitindo que a saúde mental é tão importante quanto a saúde física. Aliás,19% a consideram até mais essencial do que o bem-estar do corpo.

49% já deixaram de buscar ajuda por não conseguir pagar consulta ou terapia. A crise financeira torna-se um problema ainda mais cruel por não só servirem de gatilhos e provocarem o desgaste da saúde mental, como também por impedirem o acesso dos brasileiros a tratamentos que possam tirá-los da situação.

“Quando quase metade dos brasileiros deixa de buscar ajuda psicológica por não conseguir pagar, fica evidente que a dificuldade financeira é hoje um dos maiores entraves para o bem-estar mental da população. Saúde financeira e saúde mental caminham juntas. Cuidar das finanças é também uma forma de preservar o equilíbrio emocional e melhorar a qualidade de vida”, Patricia Camillo, especialista da Serasa em educação financeira, em comunicado.

Questão financeira também é fator de isolamento social. 45% dos entrevistados dizem sentir culpa ao pedir dinheiro emprestado, enquanto 41% evitam conversas sobre o tema e 29% acabam se afastando de amigos e familiares por isso.

Humor e estabilidade emocional são os principais aspectos prejudicados pela falta de dinheiro, relataram 48% dos entrevistados. 44% ainda apontaram questões de autoestima relacionadas ao aperto financeiro, enquanto 32% citaram queda na energia e disposição e 30% admitiram dificuldades de concentração no trabalho e nos estudos por causa das contas pendentes.

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Imagem: Divulgação

Ansiedade é o problema mais comum provocado pelas dívidas, admitido por 49% dos participantes da pesquisa. Insônia também é um relato comum, feito por 32%, mas um a cada 10 brasileiros ainda diz ter desenvolvido transtornos alimentares por causa do desgaste emocional provocado pelo aperto financeiro.

Ansiedade ‘financeira’ é quadro real

A falta de preparo para lidar com as finanças pode desencadear sintomas como ansiedade, insônia e até taquicardia. “Não tem como a gente não pensar na questão financeira quando a gente pensa em bem-estar integral”, explicou a psicóloga Ana Café ao Conexão VivaBem em maio.

Continuar com o “sentimento de sobrevivente” na vida adulta é comum entre pessoas que sofreram privações na infância. “A pessoa não consegue parar e gerenciar o que está acontecendo, porque sempre acha que tem que fazer mais”, disse ainda a especialista.

Ao mesmo tempo, quem sempre teve dinheiro não está imune a dificuldades na hora de lidar com o próprio orçamento. Sem educação financeira, as finanças pessoais também podem se tornar um gatilho para a saúde mental. “Pessoas que têm muito dinheiro podem adoecer por inabilidade para se posicionar na vida. Muitas vezes, pessoas que têm muito dinheiro não foram preparadas para fazer escolhas, às vezes até lutar por uma carreira”, explica.

A reserva de emergência pode ser uma das soluções para o estresse financeiro. Não é todo mundo que consegue ter, mas é aconselhável que você tente, mensalmente, tirar pelo menos 10% do seu salário para uma poupança que só deve ser tocada em casos de emergências.

Em um cenário ideal, também seria importante reservar 30% do salário para atividades de lazer. Este não é, porém, o único caminho para evitar a ansiedade causada pelo dinheiro —ou pela falta dele. Pais de crianças e adolescentes podem e devem usar a criatividade para proporcionar aos filhos momentos de lazer que não envolvam gastos elevados. Andar em algum parque gratuito é uma opção.

Fonte: VivaBem/UOL