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IA muda busca e exige estratégias por vagas de emprego: ‘Dá trabalho’, diz especialista em RH

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Imagem: Getty Images/iStockphoto

A inteligência artificial está em toda parte, e, caso você não tenha procurado emprego recentemente, está presente tanto do lado do candidato, como no do recrutador.

O uso da tecnologia tem transformado a busca por emprego, melhorando o currículo nas dezenas de vagas para a qual um candidato aplica; e na triagem das milhares de candidaturas recebidas pelo recrutador. Mas isso é bom ou ruim?

Como a IA é usada atualmente

O principal uso do recrutador é na triagem, pois, dependendo da vaga, os recrutadores recebem milhares de currículos. As plataformas são usadas para detectar palavras-chave que têm relação com o tipo de atividade desejada. Além disso, os sistemas são “espertos” para entenderem o contexto.

“Se um candidato não usou o termo ‘gerente de marketing’ para uma vaga, mas a inteligência artificial detectar que a pessoa tem características de liderança de marketing, ele será considerado na ordenação”, Jhennifer Coutinho, head de recursos humanos da Gupy.

Há alguns anos, as plataformas viraram uma central de vagas, onde candidatos tentam a sorte em múltiplas opções. Essas ferramentas são conhecidas como ATS (Sistema de Rastreamento de Candidatos). Elas possibilitam o cadastro do currículo, fazem o ordenamento conforme a correspondência com a vaga e permitem fazer buscas de termos. São exemplos: Gupy, Kenoby, Greenhouse, Vagas.com.br, Catho, etc.

Com a possibilidade de múltiplas candidaturas, tem processos seletivos de milhares de pessoas para uma vaga. A especialista em RH Taís Albuquerque aponta que a tecnologia “aumento drasticamente a concorrência”, ainda mais pelo fato de vagas aceitarem candidaturas de qualquer lugar do Brasil. “É comum ter mil currículos para uma vaga. Por isso, os candidatos têm de aprender a jogar o jogo para se destacar. Costumo dizer que procurar trabalho atualmente dá trabalho”.

O paraense Alexandre Santos, 27, usou IA para carta de apresentação e para melhorar a descrição de atividades no currículo postado em plataformas. Ele conseguiu um estágio na área em que estuda, engenharia agronômica, mas confessa que não foi fácil: “Em menos de um ano, me candidatei a 84 processos seletivos só na Gupy”.

“Sabendo que quem vai ler inicialmente meu currículo provavelmente é uma inteligência artificial, passei a ficar confortável de escrever o mais detalhado possível tudo que já estudei, treinei e estagiei”, Alexandre Santos, estagiário em engenharia agronômica.

Plataformas são usadas por grandes empresas, mas “boa rede de relacionamento de contatos” é a melhor foram de arranjar emprego. De acordo com Lucas Oggiam, diretor-executivo da consultoria Michael Page, a indicação ainda tem grande influência nos processos do país. Ele estima que de 30 a 40% das vagas são preenchidas por empresas de recrutamento, enquanto dois terços são preenchidas por RHs internos, indicação ou relacionamento.

Mas a IA ajuda ou não?

Para os especialistas consultados, usar inteligência artificial atualmente é fundamental. Todos concordam que a tecnologia melhora muito o processo de triagem de aderências a vagas, além de permitir que seja feita uma análise mais justa e estratégica.

E para o candidato? Se bem usada, pode ajudar, sim. “É uma ferramenta para aprimoramento de currículo, não criadora”, afirma Alexandre. Ele diz que acha que chegou a perder oportunidades por causa das análises feitas por IA, porém ressalta que isso “o induziu a melhorar sua forma de apresentação e alinhamento às vagas disponíveis”.

Nas redes sociais, tem várias postagens do tipo “Venci a Gupy” para pessoas que conseguiram derrotar o “algoritmo” da plataforma. Uma das líderes de mercado, a empresa reconhece que nem sempre isso é positivo, pois devido à alta concorrência muitas pessoas não seguem adiante no processo.

Estamos tentando mudar isso, incentivando empresas a serem mais claras nas devolutivas Ao mesmo tempo, estamos educando melhor os candidatos. Tem gente que não coloca habilidades ou presta atenção em perguntas eliminatóriasJhennifer Coutinho, head de recursos humanos da Gupy

Candidato, fique esperto:

Vai se cadastrar em plataforma? Gaste tempo e descreva sua experiência e habilidades. Como há grande chance de seu currículo ser classificado por uma inteligência artificial, é importante detalhar suas atividades. Veja se os termos da descrição das vagas para quais você deseja estão presentes no seu currículo. Lembre-se, você provavelmente vai se inscrever para várias vagas.

Use IA para aprimorar seu currículo (clareza, linguagem e português correto), nunca para inventar conteúdo. Nas redes sociais, tem vários prompts para adequar o currículo conforme as palavras-chave. Talvez a pessoa até passe no primeiro crivo de plataformas mentindo, mas ela provavelmente não vai adiante no processo.

Não fique adaptando seu currículo a toda hora na plataforma. A especialista em RH Taís Albuquerque explica que ao querer se adequar a cada vaga, o candidato pode perder “aderência” a uma posição para o qual já aplicou (o currículo sendo alterado, muda para todas as candidaturas). Então, só altere para acrescentar alguma experiência ou curso relevante.

Pediram para enviar currículo por e-mail? Vale personalizar para a vaga. Isso costuma ocorrer em caso de indicação. Jhennifer, da Gupy, ressalta que neste caso é importante que o CV chame a atenção do recrutador. Neste caso, ele deve ser breve e sucinto, e o que for importante deve estar destacado.

Manter LinkedIn atualizado é importante, pois é “vitrine profissional”. Especialistas dizem que a plataforma é bastante usada tanto para candidatura como busca ativa por parte dos recrutadores. Mesmo se não estiver procurando, é uma forma de testar o valor de mercado do profissional, além de ficar visível para oportunidades que talvez nem saiba que exista.

Fonte: TILT/UOL