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Quanto custa uma floresta? Amazônia vale mais de R$ 1,5 trilhão sem desmatamento

Amazônia - iStock
Amazônia – Imagem: iStock

O valor da Floresta Amazônica preservada supera em até sete vezes os lucros potencialmente obtidos por meio de diferentes formas de exploração econômica privada na região que envolvam desmatamento, como agricultura extensiva, exploração madeireira ou mineração. A estimativa foi divulgada nesta terça-feira, 9 pelo Banco Mundial, que defende uma revisão do modelo de crescimento da Amazônia a fim de possibilitar uma maior proteção da floresta e da biodiversidade.

Intitulado Equilíbrio Delicado para a Amazônia Legal Brasileira: Um Memorando Econômico, o documento calcula que a floresta preservada vale, ao menos, 317 bilhões de dólares (cerca de R$ 1,5 trilhão) por ano.

O chamado valor da floresta em pé refere-se ao valor criado pelo armazenamento de carbono, pelo regime de chuvas que beneficia a agricultura no continente, por recursos da biodiversidade que possam ter aplicações farmacêuticas e por serviços que não envolvam desmatamento, como extração sustentável e turismo, entre outros.

Floresta em pé versus floresta desmatada

O maior valor anual criado pela preservação da floresta é o armazenamento de carbono, estimado pelo estudo em 210 bilhões de dólares. Essa estimativa considera que a Amazônia estoca no mínimo 500 toneladas de CO2 por hectare e que o preço internacional do carbono gira atualmente, em uma estimativa conservadora, em 40 dólares por tonelada de CO2, e aplica uma taxa de retorno anual de 3% pela armazenagem do carbono no solo.

Em seguida, está o valor de existência da floresta e de sua biodiversidade, de 65 bilhões de dólares, calculado a partir de pesquisas de opinião em diversos países sobre o valor que as pessoas atribuem a esse bem.

Em terceiro estão os serviços ambientais promovidos pela floresta, como regulação hídrica — incluindo os rios voadores —, regulação do clima regional e proteção contra incêndio, de 12,5 bilhões de dólares.

Em quarto vem valor dos recursos genéticos na floresta que possam ter aplicações farmacêuticas, em 10 bilhões de dólares. Também entram nessa conta a exploração sustentável de produtos não madeireiros, como borracha, castanha-do-brasil e outros, no valor de 8,7 bilhões de dólares.

Por outro lado, a derrubada de 20% a 35% da Floresta Amazônica para a exploração agropecuária renderia lucros de 25 a 75 bilhões de dólares por ano — essa estimativa leva em conta que grande parte da floresta não seria adequada para a produção agrícola, e o próprio relatório ressalva que o valor pode estar exagerado.

A extração de madeira não sustentável renderia lucros anuais de 10 a 15 bilhões de dólares e, a mineração, de 8 bilhões de dólares. Somadas, essas três frentes de exploração poderiam render lucros de 43 a 98 bilhões de dólares por ano.

Risco de ponto de inflexão

Elaborado ao longo de três anos, o material diz ainda que o aumento de renda da população da Amazônia Legal tem relação direta com uma maior proteção da floresta, modos de vida tradicionais e redução do desmatamento. Para tanto, o documento destaca a necessidade de fomentar um maior crescimento da produtividade, tanto no Brasil quanto nos estados amazônicos.

“Esse modelo [de exploração] contrapõe as pessoas à natureza, destruindo muito mais riquezas do que cria. Esse modelo continua a aproximar a Amazônia de um ponto de inflexão, após o qual a floresta perderá a capacidade de gerar chuvas suficientes para se sustentar e também não oferece muitos benefícios aos 28 milhões de residentes da Amazônia Legal“, Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil ao jornal O Estado de São Paulo.

Para o banco, esse aumento da produtividade nas áreas rurais e urbanas exigirá uma transformação estrutural. O estudo defende que a redução da pobreza na região deve estar atrelada a um modelo de desenvolvimento que não se apoie apenas na extração de recursos naturais.

“O sucesso de longo prazo no combate ao desmatamento exigirá uma transformação estrutural mais ampla da economia, que reduza o foco na fronteira agrícola, por meio do fortalecimento dos setores de manufatura e serviços”, disse Zutt, durante a apresentação do documento.

Fonte: Ecoa/UOL

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