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‘Só tem dois héteros’: como bom salário e diversidade podem ajudar empresas

Nath Finanças
Nath Finanças
Imagem: Leo Aversa

Foi necessário um pouco mais de um ano para que o canal do YouTube da Nath Finanças se tornasse uma empresa. Mas não qualquer empresa. Enquanto muitos empresários buscam formas de não registrar seus funcionários —oferecendo um “esquema PJ” (pessoa jurídica), por exemplo—, Nath vai no sentido contrário.

“Dar o mínimo para as pessoas se sentirem bem não é ruim para a empresa. Eu nunca vi funcionário como uma despesa, eu vejo como uma forma de investir na minha empresa para ela crescer”, explica.

Cerca de três anos depois de se tornar uma empresária, Nathália Rodrigues de Oliveira —nome de batismo de Nath Finanças— emprega quinze pessoas e, no dia a dia, preza pela flexibilidade.

Sua equipe não recebe “só o salário” e tem benefícios como auxílio home office, plano de saúde e odontológico, pagamento de uma parte da faculdade ou da pós-graduação, vale alimentação e um auxílio que pode servir para pagar comida de aplicativo à conta de gás.

A diversidade também é muito importante para ela. “Minha empresa já nasceu diversa”.

Nath tem o maior orgulho em dizer que 90% dos seus funcionários são mulheres, 95% negros e “só dois são héteros”.

Pensar em todas as questões é natural para ela. Por ter passado por várias questões que muitos brasileiros enfrentam para trabalhar, como dificuldade para chegar à empresa, racionamento do salário para pagar contas, ter visto poucas pessoas como ela em cargos de liderança, hoje Nath preza por dar o conforto que não teve para seus colaboradores.

Salário mínimo deveria ser salário digno

Até dezembro deste ano, o salário mínimo será de R$ 1.320. A lei que foi aprovada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou reajuste tendo em vista a inflação e o PIB (produto interno bruto).

Apesar da valorização ter sido comemorada, o valor ainda não pode ser considerado digno.

Segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), para garantir seus direitos básicos como alimentação, educação e lazer, uma pessoa deveria receber R$ 6.528,93.

O salário mínimo é resultado de contextos econômicos e políticos muito específicos. Mas o salário mínimo deveria ter exatamente o mesmo valor do salário digno, ou seja, deveria corresponder ao mínimo que uma pessoa e sua família necessitam para viver dignamente. Marilane Teixeira, economista e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (CESIT) da Unicamp

Essa diferença se dá, segundo a economista, de acordo com a capacidade que um país tem de desenvolver suas forças produtivas.

Em outras palavras, quanto mais um país investe em produtos baseados em pesquisa, inovação e tecnologia, maior será a qualificação dos empregos e, consequentemente, os salários dos trabalhadores serão mais elevados.

Por outro lado, como ocorre no Brasil, onde a desindustrialização é uma realidade, os salários tendem a ser mais baixos devido à predominância de empregos com baixo valor agregado.

Para Nath Finanças, as políticas de salário e benefícios no trabalho são a melhor forma de valorizar os funcionários.

“Na minha empresa, nós aplicamos o PDI, plano de desenvolvimento individual, para entender o que o funcionário realmente quer. Às vezes nem é aumento de salário, é uma pós-graduação, algo assim. Por isso, precisamos conversar com ele e entender o que ele traz”, comenta.

Esse tipo de política, para ela, é possível, sim, ser implementada em empresas maiores, desde que os gestores sejam treinados para ouvir mais seus funcionários.

Diversidade é a nova lei

Este ano, também foi sancionada pelo presidente Lula a lei que estabelece a obrigatoriedade de igualdade salarial entre mulheres e homens.

No fim de 2022, a diferença de remuneração entre mulheres e homens atingiu 22%, segundo dados IBGE.

Para a economista Marilane Teixeira, a ideia de que o “lugar das mulheres é em casa” ou que elas são responsáveis principalmente pelos cuidados domésticos contribui para essa diferença.

Além disso, de acordo com Teixeira, existe uma crença prejudicial de que investir na qualificação de mulheres que ingressam no mercado de trabalho não é uma prioridade.

“Depois que já ingressam no mercado de trabalho com essa diferença salarial, é muito difícil que isso seja compensado ao longo da carreira”, diz a economista.

“As empresas usam vários critérios como disponibilidade, proatividade, produtividade para a progressão de carreira. Esses critérios têm um viés de gênero porque muitas vezes uma mulher não vai ter disponibilidade de trabalhar fora do seu horário de expediente, por exemplo. Então, tem que mudar também esses critérios de valorização do trabalho.” –  Marilane Teixeira, economista e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (CESIT) da Unicamp

Políticas públicas como as leis sancionadas este ano são fundamentais para mudar o cenário de disparidade salarial e de cargo entre homens e mulheres, de acordo com Nath Finanças.

“A lei é feita para realmente resolver esses problemas que existem no nosso sistema, porque sem a lei essas políticas [de salário digno, igualdade e diversidade] não são cumpridas. Então, essa é uma forma de criar fiscalizações mais robustas”, diz a influenciadora.

Fonte: UOL

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