Desigualdade salarial sobe: mulheres recebem 20,9% a menos que homens

Mais mulheres acessaram o mercado de trabalho, mas ainda ganham 20,9% menos do que os homens nos mesmos cargos, mostra o 3º Relatório de Transparência Salarial, divulgado hoje pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Os dados correspondem ao ano de 2024.
Desigualdade salarial cresce no país. Disparidade foi de 19,4% em 2022 para 20,7% em 2023 e subiu 0,2% no ano passado, mostram os dados, que integram o Rais (Relatório Anual de Informações Sociais). Em 2024, a média salarial das mulheres no país foi de R$ 3.755,01, contra R$ 4.745,53 dos homens.
Salário das mulheres negras é menor. Remuneração média em 2024 foi de R$ 2.864,39. Esse valor é 47,5% menor do que o recebido pelos homens não negros: R$ 6.033,15.
Mais mulheres no mercado de trabalho. Análise mostra expansão da presença feminina em relação ao semestre passado: eram 7.207.472 vínculos contra 7.726.558 contratos atuais.
Igualdade salarial representaria R$ 95 bilhões injetados na economia. Entre 2015 e 2024, o volume dos ganhos femininos saltou de 35,7% para somente 37,4%, enquanto mais de 6 milhões de mulheres entraram para o mercado de trabalho no período. A baixa variação da renda é uma consequência da desigualdade salarial, segundo Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, citou a necessidade de mudanças na sociedade na busca por remunerações igualitárias.
A desigualdade salarial entre mulheres e homens persiste porque é necessário que haja mudanças estruturais em nossa sociedade, desde a responsabilidade das mulheres pelo trabalho do cuidado à mentalidade de cada empresa, que precisa entender que ela só irá ganhar tendo mais mulheres compondo sua força de trabalho, e com salários maiores.Cida Gonçalves, ministra das Mulheres, em nota à imprensa
Mulheres recebem menos do que os homens nos cinco setores analisados pelo relatório. Em serviços administrativos, elas ganham 79,8% do que é pago aos homens na mesma função. Diretoras e gerentes ganham 73,2% do salário dos homens, e mulheres com nível superior recebem 68,5% do valor pago aos colegas. O cenário é o mesmo para técnicas de nível médio (66,9%) e trabalhadoras em atividades operacionais (66,6%).
Distrito Federal tem a maior média salarial. São R$ 5.656,33, contra R$ 6.282,81 recebidos pelos homens. São Paulo é o estado com o maior salário entre as mulheres: R$ 4.516,92. Homens ganham R$ 5.803,67, em comparação.
Relatório ouve empresas com mais de cem funcionários. Participaram desta edição 53.014 estabelecimentos, com mais de 19 milhões de vínculos disponíveis para a análise.
Fiscalização acompanha a Lei da Igualdade Salarial, em vigor desde 2023. A lei 14.611 impõe medidas como transparência salarial, fiscalização contra discriminação, canais de denúncia, programas de diversidade e inclusão e apoio à capacitação de mulheres.
Compare os salários médios nos estados
Acre
R$ 2.214,05 (mulheres)
R$ 2.456,24 (homens)
Alagoas
R$ 2.366,03
R$ 2.660,79
Amapá
R$ 2.263,05
R$ 2.591,90
Amazonas
R$ 2.872,07
R$ 3.622,55
Bahia
R$ 2.739,76
R$ 3.3361,14
Ceará
R$ 2.764,64
R$ 3.079,17
Distrito Federal
R$ 5.656,33
R$ 6.282,81
Espírito Santo
R$ 2.991,13
R$ 4.184,91
Goiás
R$ 2.999,13
R$ 3.872,35
Maranhão
R$ 2.658,93
R$ 3.161,81
Mato Grosso
R$ 2.949,07
R$ 4.041,84
Mato Grosso do Sul
R$ 2.919,14
R$ 3.909,03
Minas Gerais
R$ 3.203, 80
R$ 4.230,70
Pará
R$ 2.965,85
R$ 3.484,35
Paraíba
R$ 2.203,26
R$ 2.648,96
Paraná
R$ 3.076,46
R$ 4.305,28
Pernambuco
R$ 2.862,60
R$ 3.150,68
Piauí
R$ 2.542,32
R$ 2,826,00
Rio de Janeiro
R$ 4.225,86
R$ 5.854,57
Rio Grande do Norte
R$ 2.273,30
R$ 2.809,50
Rio Grande do Sul
R$ 3.803,66
R$ 4.833,69
Rondônia
R$ 2.625,45
R$ 3.327,49
Roraima
R$ 2,167,97
R$ 2.658,86
Santa Catarina
R$ 3.177,83
R$ 4.411,09
São Paulo
R$ 4.516,92
R$ 5.803,67
Sergipe
R$ 2,587,91
R$ 3.076,85
Tocantins
R$ 2.478,78
R$ 3.086,54
Fonte: Universa/UOL