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Falta de empatia: como responsabilidade emocional afeta nossas relações

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“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. A famosa frase do livro “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry, resume o debate sobre responsabilidade afetiva: cada pessoa tem um papel sobre as expectativas que o outro cria em uma relação.

Entender esse conceito é essencial para ter relações mais saudáveis e satisfatórias, de acordo com Patrícia Gouveia, psicóloga clínica e especialista em terapia de casal e família pela Faculdade Esuda (PE): “Responsabilidade afetiva/emocional é assumir o seu lugar nas expectativas geradas numa relação. Existe sempre um acordo, independentemente do tipo de relacionamento”, afirma.

Muitas vezes, o que para uma pessoa é algo natural, para outra pode gerar mágoa e frustrações. Por isso é tão importante verbalizar sentimentos quando ocorrem situações que não foram esclarecidas de forma efetiva. Mas não é tão simples assim. Sônia Palma, psiquiatra da BP (Beneficência Portuguesa de São Paulo), diz que pessoas não deixam suas intenções claras porque têm medo de ser transparentes. “Isso soa, geralmente, como fraqueza”, diz.

Responsável não apenas em relações amorosas

A responsabilidade afetiva vai muito além de relações conjugais e não diz respeito somente àquele crush que deu um famoso “ghosting” (quando a outra pessoa deixa de responder mensagens de texto e chamadas e, sem aviso, desaparece sem dar explicações). Tem a ver com família, amizade e até trabalho. “As pessoas tendem a associar apenas com relações de namoro ou casamento, mas mesmo quando estamos conhecendo uma pessoa, [a responsabilidade afetiva] é necessária”, pontua Simone Gomes, psicóloga do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

No ambiente profissional, por exemplo, o chefe pode usar palavras educadas para dar um feedback ao funcionário sem ser grosseiro ou praticar assédio moral. “Dentro de uma empresa, o assunto deveria ser objeto do RH, já que a companhia precisa do trabalho do outro e está lidando com pessoas. Há condutas que provocam suicídios ou estresse, justamente pela cobrança excessiva de metas, números e, muitas vezes, o superior acha que está falando com uma mesa, cadeira”, afirma Palma.

Já no âmbito familiar, é preciso ter em mente que a responsabilidade emocional também pode ser coletiva. Quando ocorre um divórcio, é fundamental que os pais tenham respeito com os filhos, não os coloquem contra nenhum dos dois e muito menos os façam escolher com quem vão ficar.

Outra situação muito comum é não estar tão presente na vida da criança. Ao fazer isso, é importante mostrar que a culpa não é dela e ter responsabilidade naquela ação, justamente para evitar traumas ou frustrações futuras. “É uma relação de cuidado com o outro”, ressalta Palma, que também é especialista em psiquiatria infantil.

Empatia gerada pela responsabilidade afetiva

Não há como falar desse sentimento sem se colocar no lugar do outro. Se diante de determinadas situações houver falhas na comunicação e, consequentemente, acarretar na falta da responsabilidade afetiva, é fundamental pensar como você se sentiria naquela determinada ação.

“Se no lugar de inventar uma desculpa, você simplesmente sumir sem falar nada, também pode ser considerado falta de responsabilidade emocional/afetiva. A pessoa pode até não concordar, mas é importante que você comunique porque está tomando uma decisão. Isso vale para todas as nossas relações”, afirma Gomes.

Como desenvolver responsabilidade emocional na prática

Escute e pergunte – Não tente fazer com que o outro entenda ou saiba o que você está sentindo. Se algum ponto não ficou claro, procure e opte pelo diálogo. Desta forma, será mais fácil alinhar as expectativas.

Autoconhecimento é importante – Saber um pouco mais sobre si é superimportante quando estamos em processo de buscas e mudanças. Além disso, reconhecer nossas dificuldades também facilita o processo de desenvolvimento.

Meditação – Um dos exercícios que também ajuda no autoconhecimento é a prática da meditação (e de forma constante). Com ela, é mais fácil ter um olhar crítico para si.

Psicoterapia – Ela é indicada para compreender as origens e dificuldades de alguns problemas, traumas e também aprender a lidar com estes.

Fonte: VivaBem/UOL

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