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O Brasil que deu certo

Conheça seis brasileiros que estão construindo um Brasil melhor

Todo dia você recebe um bombardeio de notícias ruins, fica sabendo tudo sobre as figuras mais suspeitas do país, acompanha os programas policiais que vendem sangue no horário nobre… Daí pensa: não tem ninguém transformando o país pro bem?

Bom, Ecoa nasceu como a plataforma do UOL por um mundo melhor. Um espaço para o jornalismo propositivo com foco em pessoas que lutam para que o meme “O Brasil que deu certo” vire realidade. E, para nós, é importante que essas histórias sejam contadas por gente diversa, que escreve bem e vem de todos cantos do país.

Por isso, reunimos nesse especial — Brasil que dá certo — seis dos melhores (e mais premiados) escritores do país para contar histórias reais de gente que está transformando o país.

A seguir você lê os textos de Carola Saavedra, Marcelino Freire, Micheliny Verunschk, Bruno Ribeiro, Natalia Timerman e Julie Trudruá Dorrico acompanhados das lindas artes de Nana Grunevald.

Nana Grunevald/UOL
Arte: Nana Grunevald

Com as armas de Ailton Krenak

Em 1987, na Assembleia Nacional Constituinte, Ailton Krenak, usando um terno branco, pintou o rosto de preto com jenipapo num ritual Rin’tá, (que no idioma krenak significa “armado de luto e guerra”) enquanto discursava diante de mais de 400 parlamentares em defesa dos direitos indígenas. Esse acontecimento é hoje parte da história do Brasil, não só pelo efeito político que teve, mas também porque trouxe à tona um pensamento e uma lógica até então desconhecidos da cultura ocidentalizada neste país. Uma lógica que aponta para um modo de viver e de compreender o mundo, que extrapola categorias binárias como vida e arte, guerra e paz, passado e presente, ruptura e permanência.

Nana Grunevald/UOL
Arte: Nana Grunevald

Feijoada em troca de livros

“Dávamos uma porção de feijoada em troca de um livro”, disse Williams aos risos. Um sorriso que sabe quando iluminar para encontrar caminhos e se apagar para peitar os obstáculos. Williams Cabral é cria da arte e das políticas públicas de um Brasil possível. Aos quinze anos já fazia teatro e dançava quadrilha, balé popular, coco de roda e ciranda. A arte fez com que ele fugisse daquilo que a sociedade esperava que fosse. Formado em História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), caiu pra dentro do mundo cultural, da movimentação dos espaços públicos e da produção de eventos, até que em 2010, entre suas pesquisas e antenas ligadas no mundo, teve a ideia de criar uma biblioteca comunitária.

Nana Grunevald/UOL
Arte: Nana Grunevald

‘Doença é a desconexão do corpo com o mundo’

Faço uma chamada em vídeo para João Paulo Tukano. Estremeço. Em poucos minutos iniciarei uma conversa com o parente pesquisador recém laureado com o Prêmio Capes de Melhor Tese 2022, na área da antropologia. Esta história é sobre ele, mas também é sobre nós.

Antes dele, só conheci, como trabalho premiado, a dissertação “Do parixara ao Areruia”, da parenta Jucicleide Pereira, pertencente ao povo Wapichana (RR), que venceu o concurso “Dirce Cortês Riedel”, realizado no XVI Congresso Internacional da Abralic, na Universidade de Brasília.

Nana Grunevald/UOL
Arte: Nana Grunevald

A arte vira-lata de Marta Neves

Sempre quando me perguntam se eu escrevo para recuperar alguém, eu respondo, na fé: não sou igreja.

Nem a igreja opera tamanho milagre. A lágrima da santa é vinagre. Não se lembra? O fato é que não posso prometer nenhuma graça, na desgraça, divina.

Cheguei a perguntar para a escritora Marta Neves: você, que também é artista plástica, o que quer com a sua escrita, com a sua arte? O mundo precisa de você, mulher?

Ela, a quem escolhi para falar a respeito nessas linhas tortas, foi logo dizendo: “o povo precisa de cerveja. E de um torresminho. Deixa eu sozinha na minha. Não faço a mínima diferença”.

Nana Grunevald/UOL
Arte: Nana Grunevald

Ela ressuscita mantos rituais e revela ameaças

Quando a conheci, num desses eventos virtuais, ela, com o celular nas mãos, saiu de um carro, entrou num salão de cabeleireiro, enquanto falava de sua vida e trajetória. Não tinha tempo a perder. O seu nome, ela contou na ocasião, foi dado a pedido do avô para homenagear uma parenta morta, uma outra Glicéria, que não sobreviveu a um ataque do felino muitos anos antes do seu nascimento. Célia, entre sorrisos e envolvida pela capa do cabeleireiro, coincidentemente estampada no padrão característico das onças, disse: Eu sou o sobejo da onça. Ou seja, aquilo que a onça deixou intacto e que de certo modo comunga ainda de seu poder. Nada é por acaso, é possível pressentir.

Nana Grunevald/UOL
Arte: Nana Grunevald

‘O mundo pode acabar em 2050’

Natalie Unterstell tinha 23 anos quando sentiu o impacto das questões climáticas pela primeira vez. Era 2007 e, em pleno Alto Rio Negro, na fronteira do Brasil com Colômbia e Venezuela, junto de 22 povos indígenas e impressionante biodiversidade, escutou de seu chefe as más notícias que a negociação do IPCC traziam: o mundo acabaria em 2050, segundo a ciência, caso a atuação humana sobre o planeta Terra não mudasse de rumo. “Minha cabeça explodiu”, ela diz, uma boa metáfora para a sensação de desamparo que desembocou imediatamente na pergunta: “O que eu vou fazer?”

Desde então, a mesma indagação direciona seus passos — e não é exagero dizer que a trajetória de Natalie se confunde com a do Brasil nas questões climáticas, pelo menos a do Brasil que se importa com elas.

Fonte: Ecoa/UOL/https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/o-brasil-que-deu-certo/

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