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Campanhas salariais devem ser mais acirradas no 2º semestre

O início das campanhas salariais do segundo semestre desenha um cenário ainda desafiador para as categorias. Após cinco rodadas de negociação e uma proposta de reajuste de 6,5% da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), que não cobre a inflação acumulada nos 12 meses até a data-base, em setembro, bancários de todo o país entraram em greve na última terça-feira. Na pauta de reivindicações estão o reajuste de 14,78%, que corresponde a uma alta real de 5%, 14º salário e garantia de manutenção do emprego.

Após reunião da última sexta-feira, a Fenaban ofereceu 7% de aumento, rejeitado pelo Comando Nacional dos Bancários na própria mesa de negociação.

Os acordos coletivos das montadoras, muito concentrados neste e no próximo mês, terão o peso da negociação fechada no fim de agosto na Mercedes do ABC paulista. Na tentativa de evitar cerca de duas mil demissões anunciadas pela empresa na fábrica de São Bernardo do Campo, os trabalhadores aceitaram reajuste nominal zero em 2017. Ainda assim, cerca de 500 trabalhadores receberam na semana passada telegramas que informavam de seu desligamento, conforme o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A razão seria a adesão insuficiente ao plano de demissão voluntária (PDV) lançado logo após o acordo, 1.028, ante expectativa de 1,4 mil.

No início de agosto, o sindicato também fechou acordo para evitar demissões na Volkswagen. A fixação de reajuste equivalente ao INPC até 2021 evitou 3,6 mil cortes na unidade de São Bernardo, cerca de um terço do total de funcionários.

Depois de uma negociação conturbada, os metalúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) aprovaram em votação dividida no último dia 31 agosto a proposta de correção de 5% nos salários – com perda real, portanto – a partir de janeiro de 2017, nove meses após a data-base da categoria, em maio.

“Este mês de setembro vai ser diferente”, afirma João Rached, negociador por mais de 40 anos de empresas como HSBC, Volkswagen e Alcoa, justificando sua avaliação de que o atual cenário de recessão não deve ser suficiente para evitar conflitos mais duros entre empresas e trabalhadores. O especialista em recursos humanos admite que os sindicatos estão com capacidade de mobilização reduzida diante do risco do desemprego, mas diz acreditar que as entidades farão pressão durante as campanhas por demandas mais ligadas à manutenção do emprego.

“Aí entra também a questão política”, ele acrescenta. A atual discussão sobre a reforma trabalhista e previdenciária, em sua visão, pode ser um poderoso combustível para as negociações desta segunda metade do ano e para a atuação do movimento trabalhista, em especial das centrais sindicais.

Na última quinta-feira, 14 sindicatos de metalúrgicos, de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Rio Grande do Sul, seis federações e duas confederações lançaram uma ação conjunta pela defesa dos direitos trabalhistas e da aposentadoria e contra o desemprego e a terceirização. O primeiro passo, conforme o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, Miguel Torres, será uma paralisação no próximo dia 29. Juntas, as entidades representam cerca de 2 milhões de trabalhadores.

Participante da manifestação coletiva, os metalúrgicos de Osasco lançarão a campanha salarial de 2016 no próximo dia 20. Gilberto Almazan, presidente da entidade, adianta que a pauta vai contemplar um pedido de aumento real, mesmo depois da perda de 10 mil empregos na região, que contempla ao todo 12 municípios. “As demissões estão perdendo fôlego. Boa parte das empresas já readequou o quadro de funcionários para depois da crise”, justifica.

Fonte: Valor Econômico

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