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Crise prolongada no país já derruba os preços do setor de serviços

Ainda que de maneira perversa, a crise está, aos poucos, fazendo sua parte para controlar os preços na economia. Com o aumento do desemprego, a renda disponível para consumo está desabando e levando muitas famílias a reduzirem os gastos com serviços. Diante disso, o índice de difusão, que mede a disseminação da alta de preços, cravou em 49,3% em junho entre os itens de serviços. É o nível mais baixo em pelo menos quatro anos.

A inflação desse grupo de despesas registrou alta de 7% no acumulado em 12 meses, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O resultado é o menor desde setembro de 2010. Diante desse cenário, o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fábio Bentes, prevê alta de 6% para este ano. Se confirmada, será a menor em quase uma década, contribuindo para que o IPCA fique em 7,1%.

Tal recuo na demanda do setor, que inclui cabeleireiro e refeições fora do lar, resulta em alívio sobre o custo de vida. Como os serviços respondem por 30% do IPCA, analistas acreditam que o arrefecimento desses preços contribuirá para amenizar o arrocho que se tem sentido no orçamento familiar.

É uma boa notícia que demorou para chegar, porque essas atividades estão entre os itens de consumo que não podem ser favorecidos, por exemplo, pelo comércio exterior. Quando o dólar cai, vários produtos da prateleira dos supermercados ficam mais baixos. A redução na demanda também ajuda, porque os empresários querem se livrar dos estoques. Mas, no caso de preços que se devem basicamente a salários, é difícil ocorrerem mudanças imediatas.

Cada vez menos intensa, a inflação de serviços tem se concentrado em poucos itens. Gastos com refeição, empregado doméstico e aluguel residencial respondem por 1,06 ponto percentual da inflação média em 12 meses, de 8,84%, o que significa 12% do custo de vida. Para Bentes, o recado é simples: não há mais fôlego para manter os serviços pressionados. “Se tem alguma certeza na economia é de que falta demanda”, avalia.

Que o diga a comerciante Patrícia Rodrigues, 52 anos. Acostumada com o conforto de ter uma empregada doméstica, teve que arregaçar as mangas e se tornar responsável pelas tarefas de casa. “Lavo, passo e cozinho. Não tem ninguém para ajudar mais”, conta.

Quando o orçamento da família ficou apertado, ela trocou a empregada de carteira assinada por diaristas. Com dificuldades, não conseguiu sustentar a situação por muito tempo e foi diminuindo a frequência dos serviços. De três vezes por semana, passou a não contar mais com os serviços. “Uma diária hoje é cerca de R$ 140. Se pago isso, fico sem dinheiro. A prioridade é alimentação e contas de casa”, explica.

Fonte: Correio Braziliense

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