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Dieese: pandemia agrava longa depressão brasileira

A atual situação de precarização do mercado de trabalho e o aumento do custo dos alimentos, vivido em 2020, não são consequência apenas da crise sanitária mundial, mas também estão relacionados com o projeto econômico e político implementado após 2016. Esta é a conclusão do Boletim Especial 1º de Maio, o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgado na sexta, 30 de abril.

Segundo o Dieese, após reforma trabalhista, que passou a valer em novembro de 2017 sob a promessa de melhora do ambiente de negócios e a geração de milhões de empregos formais, o que se assistiu foi o aumento do desemprego e da informalidade, queda da renda do trabalho e um movimento de precarização generalizada.

Fila para acessar o auxílio emergencial. Foto: Jose Leomar

No mercado de trabalho, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (PnadC/IBGE), havia inclusive sinais de piora antes do início da pandemia. A partir da implementação das reformas trabalhista, previdenciária e do teto de gastos, medidas defendidas pelo governo e apoiadores como solução para a economia brasileira, os problemas se intensificaram.

Em relação aos preços, o descontrole ocorre devido a diversas medidas executadas desde 2016, como: a redução dos estoques reguladores da Conab (Companhia Nacional de Abastecimentos); o fim do subsídio do gás e da política de valorização do salário mínimo; e o aumento das exportações de alimentos. A situação econômica do Brasil já era grave. A pandemia veio complicar o quadro. Nas próximas páginas são abordados a ocupação, a informalidade, o trabalho intermitente, os rendimentos, o movimento da força de trabalho, o fim da política de valorização do
salário mínimo, o esvaziamento dos estoques reguladores de alimentos, os preços dos combustíveis e gás e a carestia dos produtos básicos de alimentação.

Reforma trabalhista não melhorou o emprego

Segundo o Boletim, quando a reforma trabalhista passou a vigorar, no 4º trimestre de 2017, a taxa de desocupação estava em 11,8%. Dois anos depois, nos últimos três meses de 2019, pouco antes do início da pandemia, o desemprego tinha caído apenas 0,8 ponto percentual. No final de 2020, nove meses após o começo da crise sanitária, 13,9% da força de trabalho não tinham ocupação.

8,9 milhões de pessoas fora da força de trabalho

Entre o 4º trimestre de 2017 e o 4º trimestre de 2019 o Dieese aponta que a força de trabalho (ocupados e desempregados) cresceu 2,1%. No segundo trimestre de 2020, durante a pandemia de covid-19, muitos trabalhadores perderam as ocupações. A falta de perspectiva, a possibilidade de contaminação e a necessidade de isolamento social fizeram com que parte dessa população deixasse a força de trabalho, ou seja, muitos desses trabalhadores não saíram em busca de uma nova colocação. São 8,9 milhões de pessoas sem trabalho e renda, sem procurar ocupação.

Preços dos alimentos

O Boletim também mostra que a drástica redução das políticas de fortalecimento da agricultura familiar, responsável pela produção de mais de 70% dos alimentos consumidos no país, e o crescimento da exportação de itens alimentícios como arroz, carne bovina, óleo e grão de soja, milho, café e açúcar, impulsionado pela desvalorização do real diante do dólar, tiveram impactos na oferta desses produtos no Brasil em 2020.

“Em plena crise sanitária mundial, enquanto todos os países estocam alimentos, como itens de segurança nacional, o governo brasileiro fragiliza a produção nativa, abre as fronteiras para
a exportação de grande parte das commodities aqui produzidas e esvazia os estoques públicos reguladores”, afirma o Dieese.

Com a oferta interna reduzida, a população teve que enfrentar sucessivas altas nos preços dos alimentos nas prateleiras dos supermercados.

Leia aqui o Boletim completo.

Fonte: Dieese

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