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Greve deflagrada por docentes das universidades federais fortalece paralisação na Educação

A greve na educação se fortalece. Além da paralisação dos técnicos administrativos, docentes das Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior), base do Andes-SN, realizaram assembleia na sede nacional, no último dia 10, com representantes de 34 seções sindicais presentes. Confirmaram a greve nas universidades federais, institutos federais e Cefets a partir desta segunda-feira (15).

Nesta mesma data está sendo instalado o Comando Nacional de Greve na capital federal, composto por um representante de cada seção sindical em greve.

“Nossa resposta à falta de avanços do governo federal é a greve. Não aceitamos o reajuste salarial zero em 2024. Além disso, depois de nove meses de negociação, nem mesmo as reivindicações sem impacto orçamentário foram atendidas, inclusive a exoneração de interventores ou a revogação das medidas que atacam servidores/as e serviços públicos editadas pelo governo Bolsonaro”, afirmou o Andes-SN.

Na assembleia nacional foi informado por professoras e professores que três instituições de ensino federal da base do ANDES-SN já estavam em greve e, a partir deste dia 15/4, docentes de mais 17 instituições deflagariam greve por tempo indeterminado. “Ainda há seções que aprovaram indicativo ou construção da greve sem data determinada (5), seções contrárias ao indicativo de greve no dia 15 (3), seções contrárias à greve (4). Assembleias sem deliberação e as que não tiveram assembleias com essa pauta somam 5”, informou a entidade.

Início da mobilização

Nesta segunda-feira, na entrada de três campi da IFPI (Instituto federal de Teresina) ocorreram atos às 6h30 e haverá atos e reuniões em mais 15 campi em que os professores já aprovaram a greve por tempo indeterminado a partir desta segunda-feira e se reúnem para organizar as iniciativas.

A professora Gilcelene Brito, coordenadora de comunicação do Sindicato dos Docentes do Instituto Federal do Piauí, salienta que vem greve forte. “A nossa greve mostra para a sociedade que nós temos compromisso com uma educação de qualidade e não aceitamos políticas que desvalorizem professores e professoras e reduzam recursos para os Institutos Federais, pois isso significa a queda na qualidade da educação que oferecemos para os filhos e filhas dos trabalhadores”, disse.

A categoria entra em greve motivada por uma série de razões: defasagem salarial acumulada, para a qual reivindicam um reajuste de 22,71%; recomposição do orçamento dos Institutos Federais, que estão sofrendo com cortes de verbas que afetam a infraestrutura, a realização de pesquisas e a qualidade do ensino ofertado aos estudantes; ampliação das verbas para a assistência estudantil; revogação de medidas que prejudicam os servidores e o serviço público em geral; revogação do novo Ensino Médio, que prejudica a formação de qualidade e as chances de nossos estudantes ingressarem na universidade.

“A greve é uma resposta à intransigência do governo Lula, que há mais de um ano não estabelece negociações efetivas e propôs “reajuste zero” na mesa de negociação com o funcionalismo federal”, defende a categoria.

Com a deflagração da greve de docentes da base do Andes-SN, somam-se forças à greve deflagrada pela Fasubra e ao Sinasefe.

Essa semana, as categorias em greve realizam também a Jornada de Luta “0% de reajuste não dá!”, convocada pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), nos dias 16, 17 e 18 de abril em Brasília (DF).

Na quarta-feira (17), os servidores públicos federais programam uma Marcha Nacional, em Brasília.

Unificar a luta e não cair na armadilha do governo

Na última reunião da MNNP (Mesa Nacional de Negociação Permanente), em 10/4, o governo Lula/Alckmin reafirmou que não tem intenção de pagar reajuste aos servidores públicos este ano. Será reajuste zero.

O governo federal manteve a proposta inicial de reajuste salarial zero para o funcionalismo público federal em 2024 e apresentou uma proposta de aumento no auxílio alimentação, atualmente no valor de R$ 658, para R$ 1000, além de um reajuste de 51% no valor per capita da Saúde Suplementar, considerando a faixa de idade e renda do servidor, e um reajuste no valor da assistência pré-escolar de R$ 321,00 para R$ 484,90. O governo tentou restringir o movimento de greve ao declarar que, durante o processo de negociação, qualquer interrupção (parcial ou total) de serviços públicos resultaria na suspensão das negociações em curso com a categoria específica.

Tudo isso porque as regras do novo arcabouço fiscal são as únicas prioridades do governo, ou seja, o arrocho no Orçamento e nos investimentos públicos para garantir dinheiro para banqueiros e especuladores através do pagamento da Dívida Pública.

“O governo montou uma armadilha para tentar frear e dividir a mobilização dos servidores federais, que está crescendo nesse momento. O MGI quer empurrar as entidades para ficarem apenas nas mesas específicas, sem realizarem greves, com uma promessa vaga de reestruturação das carreiras, para isolar as categorias. Assim, o governo pretende enfraquecer o movimento unificado e impor sua política de não recompor as perdas salariais acumuladas, como declarou à imprensa a ministra Esther Dweck publicamente no dia 11 de abril. Não podemos aceitar essa política e cair na armadilha do governo”, explica panfleto da CSP-Conlutas no setor. 

A CSP-Conlutas está no apoio total às mobilizações, conforme deliberado pela Coordenação Nacional e pelo Setorial dos Servidores Públicos da CSP-Conlutas.

“A Central defende a construção de uma greve unificada do funcionalismo contra a proposta de reajuste zero, a reforma administrativa e o novo arcabouço fiscal”, o servidor público Fabiano dos Santos da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.  

Para isso, os setores atrelados ao governo PT/Lula-Alckmin, em especial aqueles dirigidos pela CUT e CTB, devem parar de frear os ímpetos de mobilização das bases sob a alegação de que um movimento dos servidores e servidoras poderia enfraquecer o governo e fortalecer a extrema direita. 

“Obviamente não se pode desprezar a extrema direita, que demonstrou que segue viva e mobilizada, mas, para a CSP-Conlutas, é justamente uma inação da classe trabalhadora, patrocinada pelas grandes centrais, que pode abrir espaço para a extrema direita capitanear o desgaste com o governo Lula”, frisa Fabiano.

Fonte: CSP-Conlutas