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Justiça nega redução salarial e determina reajuste a jornalistas de Alagoas

Categoria parou após proposta patronal de redução de 40% no piso. TRT também determina estabilidade. Jornalistas de Alagoas encerram paralisação
Jonathan Lins

Além do reajuste, os dias de greve não serão descontados e a categoria ainda conquistou uma estabilidade por 90 dias

Jornalistas de Alagoas aprovaram, por unanimidade, encerrar a greve da categoria iniciada há nove dias. A decisão foi tomada em assembleia nesta quarta-feira (3), em frente ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 19ª Região, onde os profissionais de comunicação faziam vigília desde as primeiras horas do dia para esperar o resultado do julgamento do dissídio coletivo. A intervenção da Justiça do Trabalho foi acionada pelo sindicato patronal, e a incluía a proposta da redução de 40% no piso, feita pelas três maiores empresas do estado.

O TRT negou a proposta das TVs Gazeta (retransmissora da Rede Globo), Pajuçara (Rede Record) e Ponta Verde (SBT) de reduzir o valor do piso, considerando-a “inconstitucional e vergonhosa”. O TRT decidiu também pelo reajuste do piso da categoria em 3%. Com a decisão unânime dos desembargadores, o piso salarial passa a ser de R$ 3.672,22.

Mais avanços

Os dias de greve foram reconhecidos como direito legítimo e não serão descontados. A categoria terá ainda estabilidade salarial por 90 dias. Caso a empresa dispense alguém nesse período, o jornalista demitido terá direito a receber três meses de salários.

“Voltamos a trabalhar amanhã com a mesma garra que antes ou até mais animados, vestindo a camisa das empresas que trabalhamos. Os patrões se uniram para cortar nossos salários e os trabalhadores se uniram para dizer não ao corte salarial e vencemos a batalha”, disse Wadson Correia, repórter da TV Ponta Verde.

Segundo o jornalista, “o que doeu nesses nove dias de greve é que eu não pude noticiar esta nossa luta, mas, ao mesmo tempo, ao andar nas ruas de Maceió durante os protestos contra a redução salarial pude perceber como a população sentiu falta dos noticiários ao vivo, porque vinham nos dizer”. “Sentimos bem de perto a solidariedade e o apoio da sociedade que vinha nos abraçar e nos dar apoio moral para resistir nesta luta”, acrescentou.

Além disso, segundo o jornalista, sem o apoio também das famílias, e das entidades a resistência seria impossível. “Foi a primeira vez que participei de uma greve, e a partir de agora vou olhar diferente para esta luta. A solidariedade que recebemos será multiplicada, porque cada vez que eu souber de uma greve irei ficar perto dos trabalhadores e das trabalhadoras dando toda assistência para luta, porque, juntos somos mais fortes”, disse.

Apoio popular

A secretária de Mobilização e Organização do SindJornal, Emanuelle de Araújo Vanderlei, conhecida como Manu, também destacou o apoio da sociedade e do conjunto dos trabalhadores que não só apoiaram, mas foram os pilares de força para a resistência da categoria. “O sindicato está orgulhoso e confiante na unidade da categoria, que muitas vezes pareceu desmobilizada, mas demos a prova de que a classe trabalhadora está cada vez mais forte”, afirmou Manu, que também destacou o fortalecimento do sindicato como outro legado da greve.

A greve teve diariamente o apoio dos artistas alagoanos, das famílias dos jornalistas, de pessoas famosas como a jogadora de futebol feminino Marta e o jornalista José Trajano. Também teve apoio de empresas que forneceram água, alimentos, brinquedos e comida. Além de parlamentares a níveis  estadual e federal.

Segundo Manu, os deputados locais se comprometeram a realizar um debate sobre a categoria nos próximos dias.

Para o secretário de Comunicação da CUT, Roni Barbosa, que acompanhou diariamente a greve dos jornalistas de Alagoas, essa vitória é uma vitória da classe trabalhadora.

“A vitória dos jornalistas de Alagoas mostrou que a luta e a greve são o caminho para a defesa dos direitos. Vencemos uma proposta patronal que pretendia reduzir os salários em 40% e conquistamos reposição de 3%” afirmou Roni, que completou: “essa luta fortaleceu os trabalhadores alagoanos para outras batalhas”.

Dia decisivo

O julgamento do dissídio estava marcado para as 11h, mas a categoria acampou em frente ao TRT a partir das 7h. “Foi uma decisão histórica não só para os jornalistas de Alagoas, mas para toda a classe trabalhadora. Porque se essa proposta fosse aprovada poderia ter aberto um precedente de redução de salários em nível nacional e isso seria um retrocesso imensurável”, afirmou a presidenta da CUT Alagoas Rilda.

A presidenta da Fenaj, Maria José Braga, disse que o Brasil estava de olhos voltados a esta situação dos jornalistas de Alagoas, criada pelos empresários e que poderia ser referência para outras decisões. “Felizmente o TRT de Alagoas demonstrou sensibilidade e julgou que a redução é inconstitucional e vai agora vai servir positivamente de parâmetro para o resto do Brasil. Foi uma vitória dos jornalistas de Alagoas que se mobilizaram e conquistaram o apoio do povo, porque demonstraram garra, coerência e disposição de luta para garantir salários dignos aos jornalistas”, disse Zequinha.

hashtag #LuteComoUmJornalista chegou a ficar em primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter nesta quarta. Muitos jornalistas renomados, famosos e até os jornalistas em greve se posicionaram nas redes sociais a favor da luta da categoria. Apesar de a origem ser referente à perseguição do juiz Sergio Moro ao jornalista do The Intercept Brasil Glenn Greenwald a pauta dos jornalistas de Alagoas também foi destaque.

Fonte: Portal da CUT

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