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Negociações salariais de dezembro alcançaram melhor resultado

Entre 48 negociações de dezembro de 2022, encerradas até 11 de janeiro e analisadas pelo DIEESE, 81,2% conseguiram reajustes salariais acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE).

Reajustes iguais ao INPC foram observados em 16,7% das negociações, enquanto apenas 2,1% (correspondentes a uma única categoria)ficaram abaixo da inflação.

Foi o melhor resultado para uma data-base em 2022 e também em relação ao último trimestre de 2021.

Em dezembro, pela terceira vez seguida no ano, a variação real média dos reajustes foi positiva. O valor calculado para a última data-base de 2022, de 0,77%,ficou acima do observado em novembro (0,49%, segundo cálculos atualizados para esta publicação) e um pouco abaixo do fixado em outubro (0,84%, também atualizado).

Reajuste necessário

A melhora no quadro dos resultados pode ser atribuída, em parte, à queda no percentual do reajuste necessário – equivalente à variação acumulada dos preços nos 12 meses anteriores à data-base, segundo o INPC-IBGE. Em dezembro de 2022, o reajuste necessário foi de 5,97%, percentual que se reduzirá para 5,93% na data-base de janeiro de 2023.

Reajustes parcelados

Até o momento, não foram observados reajustes parcelados nas negociações da data-base dezembro de 2022, o que contrasta com o percentual de 13,7% verificado no mesmo mês em 2021 (Gráfico 4). No entanto, o quadro de dezembro do ano passado poderá mudar, à medida que novos acordos e convenções dessa data-base forem formalizados.

As datas-bases outubro e novembro de 2022 – mais consolidadas que dezembro – também refletiram queda na frequência do parcelamento de reajustes, na comparação com os mesmos períodos em 2021.

Reajustes escalonados

O escalonamento – modalidade de reajuste pago em valores diferenciados por faixas salariais ou tamanhos de empresas – foi adotado por 22,9% das negociações de dezembro. O percentual é menor do que os 33,6% de novembro (dados atualizados para esta publicação), mas próximo ao observado em dezembro de 2021 (24,9%).

Resultados acumulados em 2022

Embora várias categorias ainda não tenham encerrado as negociações de 2022, é possível apresentar dados prévios dos resultados e compará-los com os de anos anteriores. Abaixo, um quadro das negociações desde 2018, quando o DIEESE passou a acompanhar os acordos e convenções coletivas registrados na base de dados do Mediador, sistema do Ministério do Trabalho e Emprego.

Entre 2018 e 2021, os resultados das negociações pioraram, com o aumento de resultados com percentuais abaixo da inflação e redução daqueles com ganhos acima do INPC. Apenas em 2022, a tendência é revertida, mas, ainda assim, os resultados são piores que em 2018, 2019 e 2020.

As categorias que tiveram ganhos reais, em 2022, conquistaram, em média, aumentos acima do INPC-IBGE em torno de 0,81%. No entanto, o cômputo geral dos reajustes do ano indica variação real média negativa (-0,78%), demonstrando o peso maior das negociações com resultados abaixo da inflação.

Resultados por setor econômico

Em 2022, com dados ainda preliminares, indústria e comércio apresentaram resultados parecidos em relação à distribuição dos reajustes segundo o INPC. Aproximadamente ¾ das negociações dos dois setores conseguiram resultados iguais ou acima da inflação nas datas-bases, com vantagem para a indústria, que registrou ganho real em 32,6% dos casos. Quanto aos serviços, metade das negociações sequer conseguiu a recomposição do poder de compra dos salários.

Reajustes por região geográfica

Na análise dos resultados de 2022 por região, o Sul registrou a maior proporção de reajustes iguais (48,5%) e acima do INPC-IBGE (29,8%). O Sudeste apresentou o segundo melhor resultado no ano, com reajustes equivalentes à inflação em 35% dos casos; e superiores em 25,4%. Nas demais regiões, os resultados abaixo do índice inflacionário superaram a proporção de 50%. No Centro-Oeste, 65,6% dos reajustes foram inferiores ao INPC-IBGE.

Resultados por tipo de instrumento coletivo

As negociações coletivas por categoria, que resultam em convenções coletivas, conquistaram resultados melhores em 2022 do que as realizadas por empresa, formalizadas em acordos coletivos. Cerca de 69% das negociações por categoria conquistaram ao menos a recomposição da inflação, diante de 57% das negociações por empresa.

Pisos salariais

Os valores dos pisos salariais são apresentados, a seguir, em dois indicadores:

  • 1)valor médio, equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados; e
  • 2) valor mediano, correspondente ao valor abaixo do qual está a metade dos pisos analisados. A vantagem da apresentação do valor mediano é que ele sofre menos a influência dos valores extremos da série, indicando melhor a distribuição dos pisos.

No acumulado do ano até dezembro, o valor médio dos pisos salariais nos instrumentos coletivos foi de R$ 1.547,98; e o valor mediano, de R$ 1.450,00. Na comparação entre os setores, o maior valor médio foi observado nos serviços (R$ 1.575,20); e o menor, no setor rural (R$ 1.467,75). Quanto aos valores medianos, o maior foi registrado na indústria (R$ 1.500,00); e o menor, nos serviços (R$ 1.422,42).

Pisos por região geográfica

No recorte geográfico, os maiores pisos salariais médios e medianos continuam na região Sul (respectivamente R$ 1.596,22 e R$ 1.551,00); e os menores, no Nordeste (respectivamente R$ 1.403,46 e R$ 1.282,15).

Confira a Nota Técnica completa do Dieese e os gráficos

Fonte: Dieese

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