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País da precarização: baixos salários e informalidade marcam vagas de emprego criadas no Brasil

Os estudos divulgados recentemente sobre trabalho, remuneração e informalidade comprovam: o Brasil é cada vez mais um país da precarização. Apesar da queda no desemprego, registrada no último trimestre, os baixos salários e a inflação nas alturas seguem penalizando as famílias que, mais do que nunca, têm de “se virar” para arcar com as contas do mês.

Na última semana, o IBGE divulgou os dados da Pnad Contínua. A pesquisa acompanha os índices da evolução da força de trabalho no país. Segundo o estudo, a taxa de desemprego, em maio, foi de 9,8%. Há um ano, esse índice era de 14,5%. No entanto, a situação não significa que a vida melhorou para o trabalhador.

O salário daqueles que possuem carteira assinada caiu 9,34% entre janeiro de 2020 e abril de 2022. Já o rendimento médio acumula perda de 7,2% nos últimos 12 meses. O salário médio de admissão também caiu 5,5% no último ano. O índice de queda em 2022 é de 2,6%.

A geração de vagas no mercado informal, sem os direitos básicos garantidos pela CLT, cresceu 23,6% em 12 meses. O índice é quase duas vezes maior se comparado ao crescimento do emprego com carteira assinada: 12,1%. Já o trabalho por conta própria subiu 6,4%.

A situação é explicada pela informalidade altíssima. No Brasil, os que atuam sem qualquer proteção legal são quase 40 milhões (em dados oficiais), ou seja, quatro a cada dez trabalhadores brasileiros estão por conta própria.

Sem alternativa, a classe trabalhadora brasileira foi empurrada para vagas precarizadas e com menores salários. A crise econômica e sanitária, vivida desde 2020, acentuou um processo que já vem de longa data e tem seu marco na aprovação da reforma trabalhista, em 2017.

Segundo levantamento da Tendências Consultoria, das vagas de trabalho criadas de 2016 a 2022, 76% são informais. 7 milhões de vagas com rendimento de até um salário mínimo foram geradas. No entanto, 2,4 milhões de postos de trabalho com rendimentos superiores foram destruídos.

Inflação e fome

Outro fator importante é a inflação que segue em dois dígitos (11,73%). A alta dos preços, principalmente na alimentação, corrói o orçamento das famílias. O alto custo de vida somado aos baixos salários empurrou grande parte da população brasileira à insegurança alimentar.

Segundo pesquisa divulgada em julho pelo Datafolha, uma a cada quatro famílias brasileiras avalia que a quantidade de comida que possui em casa é inferior ao necessário. Entre os que tem renda mensal até dois salários mínimos (R$ 2.424), o receio de não ter o que comer sobe para 38%.

A pesquisa mostra que a quantidade insuficiente de comida afeta 32% dos moradores do Nordeste, 30% do Norte, 24% de quem vive no Centro-Oeste, 24% no Sul e 22% no Sudeste. Entre os desempregados, 42% disseram que não tiveram o suficiente para alimentar a família.

Recentemente, o 2º Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar revelou que 33 milhões de brasileiros sofrem com a fome. Há dois anos, este número era de 19 milhões. O aumento significativo revela o tamanho da crise econômica agravada pela pandemia e o completo descaso do governo Bolsonaro com os mais pobres.

Caminho é a luta

Neste cenário adverso, a CSP-Conlutas defende que a única saída é a mobilização coletiva. Juntos, os trabalhadores de diversas categorias já protagonizaram inúmeras greves neste ano de 2022. Neste segundo semestre, será preciso o mesmo espírito combativo, nas campanhas salariais.

“A situação dos trabalhadores brasileiros vem se deteriorando com o avanço dos ataques contidos na reforma trabalhista e situação de inflação e carestia no país. Nos próximos meses, importantes categorias entrarão em campanha salarial e novamente a receita para a vitória está no poder de mobilização. Não se pode aceitar sem luta este processo de redução drástica dos salários. Mais do que isso, é importante que os trabalhadores se organizem de forma independente para lutar por medidas que atendam suas reivindicações imediatas, bem como por outro modelo de sociedade, uma sociedade socialista”, afirma  o dirigente licenciado da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luis Carlos Prates.

Fonte:  CSP-Conlutas

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