Essa é a conclusão de estudo inédito feito pelo Instituto de Saúde e Sustentabilidade em parceria com a Escola Paulista de Medicina.

O relatório divulgado nesta semana mostra que, além da morte de 51.367 pessoas, ocorreriam ainda 31.812 internações em unidades de Saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) nos 39 municípios da Grande São Paulo, incluindo as sete cidades da região, por doenças respiratórias, cardiovasculares e câncer de pulmão, 11 hospitalizações ao dia, a um custo de R$ 58,7 milhões para o sistema público de Saúde.

Para chegar às estatísticas, o instituto cruzou dados da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), Ministério da Saúde e informações da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Inseridos no levantamento feito pela entidade, municípios do Grande ABC apresentam nível de emissão de materiais particulados – resíduos oriundos da queima de combustíveis fósseis – acima dos 20 microgramas por metro cúbico considerados aceitáveis pela OMS. Conforme plataforma da qualidade do ar do Instituto de Energia e Meio Ambiente, Mauá (30) e Santo André (29) têm os indicadores mais altos.

Na tentativa de reverter este cenário, a classe médica de São Paulo entregou, nesta semana, a representantes dos governos federal e estadual manifesto em que a categoria pede atualização do Proconve (Programa de Controle de Poluição Veicular) e dos padrões nacionais da qualidade do ar. “A poluição urbana é muito mais do que uma questão ambiental. Trata-se de ameaça à qualidade de vida e à saúde da população brasileira”, afirma a presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade, Evangelina Vormittag.

No Grande ABC, os poluentes gerados pela frota de 1,86 milhão de veículos, segundo a especialista, têm sido o grande vilão. “A região concentra alta circulação de caminhões, por ser industrial, e não existem mecanismos para diminuir esses indicadores.”

Segundo o pneumologista da Cia. da Consulta, Elie Fiss, os poluentes emitidos por veículos causam problemas à população desde 1993. “Naquele ano, Santo André já tinha aumento de até 40% no número de pessoas que procuravam o pronto-socorro com sintomas de doenças respiratórias depois da exposição à poluição urbana”, lembra.

MP ajuíza ação contra empresas poluentes
A poluição causada por 11 empresas que compõem o Polo Petroquímico de Capuava virou caso judicial, após o MP (Ministério Público), por meio da Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de Santo André, ingressar com ação civil pública contra as companhias, em razão do alto índice de contaminantes emitidos pelo complexo, em junho.

Na época, estudos realizados pela USP (Universidade de São Paulo), a pedido do MP andreense, apontaram nível de poluentes 17 vezes maior do que o medido pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). O cenário seria a causa de moradores do entorno do Polo Petroquímico sofrerem cinco vezes mais por problemas na glândula tireoide (mal de Hashimoto) do que os de outra região pesquisada, em São Bernardo.

Na ação civil pública, é pedida às empresas a “obrigação de fazer, consistente na reparação e/ou remediação de todos os danos ambientais decorrentes da emissão de poluentes no ar atmosférico”, além da “tomada de todas as medidas preventivas, mitigadoras e/ou compensatórias que se fizerem necessárias à otimização de seus processos produtivos, relativas à prevenção de danos ambientais”.

Fonte: Diário do Grande ABC