Por que a inclusão dos 50+ no mercado de trabalho virou assunto de RH
*Por Fabiana Futema
Por que a inclusão dos profissionais com 50 anos ou mais preocupa um grupo de diretores de Recursos Humanos? Profissionais dessa faixa etária ainda não são idosos, mas também não são mais jovens. Situados nesse limbo etário, eles sofrem preconceito no mercado de trabalho, seja na contratação ou na promoção.
“A partir dos 50 anos, parece que há uma nuvem pairando sobre a cabeça das pessoas. É como se houvesse um prazo de validade para o profissional continuar sendo útil para as organizações, mas não é assim deveria funcionar”, afirma Virginie Fernandez, uma das embaixadoras da Liga Labora.
Uma das dificuldades dos profissionais sêniores é derrubar ideias preconcebidas de que eles não são tão produtivos ou têm mais dificuldade para lidar com a tecnologia. “E não é assim que acontece. Os profissionais 50+ de hoje são flexíveis, modernos, resilientes e multitask”, diz Virginie, diretora de RH do grupo LVMH na América Latina e África
Que grupo de RH é esse? São profissionais de RH que participam do Comitê Estratégico de Gestão de Pessoas da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), que decidiram se unir em um projeto de impacto social no começo da pandemia. Eles se juntaram em torno da Liga Labora, que pretende incluir 100 mil profissionais 50+ até 2022.
“Decidimos fazer algo pela sociedade, devolver um pouco do que recebemos. Percebemos que a recolocação profissional é mais complicada a partir dos 50 anos”, diz Virginie.
Como a Liga Labora atua? O grupo atua em torno de três pontos. “O primeiro é dar visibilidade para a questão, influenciar as empresas para que olhem para os 50+. Outras pautas, como raça e gênero, já são discutidas há anos. É preciso abrir espaço para essa discussão também, afirma Pedro Pitella, diretor de Recursos Humanos da Sanofi e embaixador da Liga Labora.
Outro ponto é o que ele chama de coaching, que envolve tanto o treinamento dos profissionais 50+ quanto o letramento dos profissionais de RH sobre o tema.
“A Labora já trabalha há anos com o apoio de profissionais sêniores com módulos de treinamento para processamento da perda do contrato fixo, da definição de um novo projeto, que pode ser um emprego CLT ou não, mas de geração de renda”, afirma Virginie. “E, ao mesmo tempo, tentamos quebrar paradigmas sobre o sênior e mostrar que ele é uma pessoa que traz experiência, bagagem e habilidade emocional que muitos jovens não têm, pois são qualidades que são desenvolvidas com o tempo, com a vida.”
A terceira frente envolve parceiras com empresas para a inclusão de profissionais 50+. “Temos a ambição de gerar ocupação para 100 mil, mas se for menos que isso, já estou contente com a discussão que se fez”, diz Pitella.
Fabiana Futema é Jornalista, com passagens pela Folha e Veja. Também foi blogueira de assuntos maternos. Mãe do Kazuo
Fonte: 6 Minutos/UOL