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Ação do MST criada na pandemia, Mãos Solidárias recebe prêmio Pacto Contra a Fome da ONU

Segundo o MST, apenas no Recife, Mãos Solidárias entregou 1,6 milhão de marmitas desde o início da pandemia em 2020

Paulo Mansan, do MST, recebe premiação nesta quinta-feira (26), em São Paulo – Priscila Ramos/MST

Nesta quinta-feira (26), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) recebeu o prêmio Pacto Contra Fome, entregue pelas Nações Unidas (ONU) por conta da iniciativa Mãos Solidárias, iniciativa de doação de alimentos criada durante a pandemia, em Recife (PE).

A premiação é organizada por duas agências da ONU: para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e para Alimentação e Agricultura (FAO).

Segundo o MST, apenas no Recife, o Mãos Solidárias entregou 1,6 milhão de marmitas nos últimos três anos 

Em cerimônia realizada em São Paulo (SP), o prêmio foi entregue a Paulo Mansan, membro da coordenação nacional do MST e um dos idealizadores do Mãos Solidárias.

Em entrevista ao Brasil de Fato, Mansan explica que logo na primeira semana que se instalaram as medidas restritivas de circulação por conta da pandemia, o MST se reuniu e iniciou a ação que seria o princípio do Mãos Solidárias.

“No início da pandemia, com o lockdown, aqui em Pernambuco, dentro do Armazém do Campo do Recife, a gente criou algo chamado Marmita Solidária, que nós poderíamos dizer que foi o primórdio de tudo. Nos arriscamos dizer, inclusive, de toda a solidariedade nesse período pandêmico do Brasil, não só do MST, mas de várias outras organizações”, afirmou em entrevista ao programa Bem Viver desta quinta-feira (26).


Paulo Mansan foi um dos fundadores do Mãos Solidárias, em Recife, em 2020 / Foto: Priscila Ramos/MST

“Em menos de 48 horas nós saímos da produção de 50 marmitas para duas mil marmitas diárias, que nós mantivemos por por um ano e meio, diariamente”, conta orgulhoso Mansan.

Política de Estado

Neste ano, um desdobramento do Mãos Solidárias se tornou política pública. O Cozinhas Solidárias foi integrado ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em julho. 

A integração foi resultado de um projeto de lei proposto pelo deputado federal Eduardo Boulos (PSOL-SP) que propôs ainda em fevereiro um texto que oficializasse a iniciativa que aconteceu, também em São Paulo, entre outras cidades do país.

Após uma rodada de diálogo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDA), houve o consenso de integrar o projeto de lei aprovado com o PAA. 

Em setembro, o ministério abriu um formulário para cadastramento de cozinhas solidárias, populares e comunitárias. O objetivo foi criar um planejamento e delineamento de ações estratégicas do MDS direcionadas às experiências locais de abastecimento e oferta de refeições.

Na última semana, durante a celebração dos 20 anos do Programa, houve a liberação da primeira verba para o Cozinhas Solidárias. Foram destinados R$ 30 milhões para apoiar as experiências.

“A gente recebeu com muita alegria que as Cozinhas Solidárias se tornou lei, por conta da iniciativa do deputado federal Guilherme Boulos. Nesse processo fizemos muitas trocas, ajudamos com as cozinhas do MTST também aqui em Pernambuco. Eles têm duas [em Pernambuco], então todo mundo se ajuda. É um grande mutirão de solidariedade e a lei agora do PAA vai potencializar isso”, explica Mansan.

Apesar da liberação da verba, ainda não houve o lançamento oficial do programa.

“Agora a expectativa é nós fazermos o lançamento desse programa, agora, no PAA para as Cozinhas, inclusive há um pré-indicativo de fazer nesse início do mês de novembro de 2023.”

Fonte: Brasil de Fato