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Com salários de até R$ 50 mil, que fazem profissionais de sustentabilidadde?

Já pensou em ganhar até R$ 50 mil trabalhando para deixar empresas mais diversas e em maior harmonia com o meio ambiente?Nos holofotes do mercado financeiro, a área da sustentabilidade requer também alta capacidade de relacionamento e negociação com diferentes agentes, como demonstram três heads de ESG (do inglês Environmental, Social and Governance) entrevistados por Ecoa para relatar suas rotinas e responsabilidades dentro das empresas em que atuam.

O setor de ESG está ascensão no Brasil e no mundo. A projeção até 2025, estima a Bloomberg, é que a agenda atraia investimentos globais de mais de US$ 53 trilhões. Esse aquecimento, por sua vez, tem levado a uma procura maior por especialistas no assunto.

Para se ter uma ideia, somente no segmento do agronegócio a busca por profissionais de ESG cresceu 50% nos primeiros cinco meses de 2022, segundo pesquisa da consultoria Michael Page. Segundo a consultoria, os salários da área podem variar entre R$ 35 mil e R$ 50 mil, no caso do diretor financeiro e de ESG, entre R$ 20 mil e R$ 25 mil, no caso do head de sustentabilidade, e entre R$ 18 mil a R$ 22 mil, no caso de gestor de projetos para eficiência de carbono.

Mas o que fazem as pessoas que atuam nessa área? Com que tipo de ações esses profissionais trabalham?

Representantes de diferentes segmentos, Gislaine Rossetti, da LATAM Airlines Brasil; Denise Hills, da Natura & Co América Latina; e David Canassa, da Reservas Votorantim, apresentam um panorama sobre desafios e projetos que vêm encabeçando junto às suas respectivas equipes.

Por um transporte aéreo mais sustentável

Gislaine Rossetti, 54, é jornalista e relações públicas, especializada em comunicação empresarial e gerenciamento de crises. Ela relata que a temática da ESG já faz parte de sua rotina há mais de uma década, sendo 2013 o ano em que passou a atuar como diretora de Relações Institucionais, Regulatório e Sustentabilidade da LATAM Brasil.

Segundo ela, em relação às mudanças climáticas, a LATAM decidiu reduzir e neutralizar 50% das emissões domésticas de CO2 até 2030, bem como se tornar uma companhia carbono neutro até 2050.

Já em economia circular, a meta é que a LATAM se torne um grupo zero resíduo para aterros sanitários até 2027. Por isso, o grupo se comprometeu a eliminar todos os plásticos de uso único até 2023.

Um exemplo do trabalho de Gislaine são as ações com foco em maior eficiência no uso de combustíveis, como o a aquisição de aeronaves mais modernas, como o Airbus A320neo, equipadas com motores mais eficientes e tecnologias que proporcionam 20% menos consumo de combustível.

“No Brasil, estamos participando ativamente das discussões que envolvem a criação de uma política pública em relação aos combustíveis sustentáveis de aviação e buscando parceiros na área”, Gislaine Rossetti, da LATAM Airlines Brasil.

A busca por parceiros, inclusive, envolve uma série de outras iniciativas da companhia, como na Economia Circular, para o reaproveitamento de uniformes usados, gerando renda para mulheres no interior do Rio Grande do Sul, e no programa Avião Solidário, na frente de Valor Compartilhado, que conta com 20 parceiros oficiais, incluindo organizações não-governamentais.

O programa existe há 11 anos e já beneficiou mais de 130 milhões de brasileiros, além da preservação de milhares de animais. Nos últimos dois anos, o Avião Solidário possibilitou o transporte de 270 milhões de doses da vacina contra a covid.

Transformar desafios em oportunidade para inovar

Após mais de três décadas de experiência no mercado financeiro, a sustentabilidade passou a ocupar lugar central na carreira de Denise Hills, 54, em 2010. Na época, ela havia se tornado superintendente da área no Itaú Unibanco. Hoje, a executiva é diretora de Sustentabilidade da Natura &Co América Latina.

A profissional chegou à Natura em 2019, quando assumiu a posição de diretora global de sustentabilidade da marca. No ano seguinte, com a criação da Natura &Co, passou a atuar de maneira transversal junto às quatro marcas do grupo —Natura, Avon, The Body Shop e Aesop.

Denise está à frente da implementação de toda a estratégia de sustentabilidade da companhia, assim como da gestão das metas na América Latina. Fazem parte da agenda da executiva desafios globais urgentes, como a crise climática, a conservação da Amazônia e a necessidade de garantir inclusão e impulsionar a circularidade e regeneração dos produtos do grupo.

Nesse contexto, a companhia tem como meta atingir zero emissões líquidas de carbono até o final da década, alcançar o desmatamento zero na Amazônia até 2025 e ampliar de 2 milhões para 3 milhões a área que a Natura ajuda a conservar na região, em parceria com comunidades ligadas à cadeia de valor da marca.

“Posso dizer, portanto, que trabalho para incentivar cada vez mais pessoas dentro da organização a se perceberem como responsáveis por pensar e fazer a sustentabilidade acontecer baseados na estratégia da companhia como prática diária, independentemente da atividade”, assinala.

Valorizar a floresta em pé

A trajetória de David Canassa, 50, pelo grupo Votorantim completa 31 anos em 2022. Formado em engenharia elétrica, ele se diz interessado por ESG desde quando os termos usados para falar do assunto eram sustentabilidade e responsabilidade socioambiental.

Canassa passou pela Votorantim Cimentos e pela holding Votorantim S.A. Nessa última, ocupou o cargo de gerente-geral corporativo de sustentabilidade, sendo escolhido, posteriormente, para ser CEO da Reservas Votorantim, negócio no qual práticas de ESG, segundo ele, constituem uma atividade fim e não um departamento.

Em 2008, Canassa se tornou o primeiro head de sustentabilidade do grupo Votorantim, área que se tornou uma diretoria ligada ao planejamento estratégico tradicional da empresa. Ele recorda que nessa época já lidava com metas de eficiência energética para todo o grupo, inventários de emissão de carbono e ações para incluir mais mulheres entre os colaboradores.

Em meio a esse trabalho a equipe de Canassa se deu conta de que a Votorantim contava com áreas naturais conservadas, além da obrigação legal, mas que não contavam como uma solução, do ponto de vista convencional.

Dessa proposta nasceu o piloto do que se conhece hoje como Legado das Águas. Com 31 mil hectares, a área fica no Vale do Ribeira (SP) e é considerada a maior reserva privada de mata atlântica do país. Para que o projeto desse certo, foi preciso montar um plano de manejo e de negócios, além de parcerias com a comunidade e órgãos estaduais.

“Sou um CEO que vem de uma cadeira de ESG e que por isso aplica ESG em tudo. A diferença hoje é que nossos indicadores estão diretamente ligados aos nossos territórios. Enquanto as outras empresas estão percebendo que tudo está conectado, para nós, isso é algo que faz parte do nosso dia a dia”, define.

Fonte: Ecoa/UOL

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