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Consciência negra: Mulheres negras realizarão marcha amanhã, em brasília

Movimentos sociais e Centrais Sindicais participarão do evento, que deverá reunir cinco mil pessoas

As mulheres negras vão realizar uma marcha nesta quarta-feira, dia 18, a partir das 9 horas, em Brasília, capital do Distrito Federal. O evento é uma iniciativa dos movimentos sociais, que convidaram as Centrais Sindicais para participar desta atividade com a finalidade de massificar as pautas de reivindicações dos diferentes grupos que atuam no movimento negro. “A Marcha da Mulher Negra está incluída em um pacote de atividades que acontecerão na semana do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, e dará plena visibilidade a nossa luta”, declara Maria Rosângela Lopes, presidenta do Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Rita do Sapucaí (MG) e secretária nacional de Assuntos Raciais da Força Sindical.

Para Maria Rosângela, todas as ações programadas serão bastante importantes. “O que queremos é viver bem, com respeito e dignidade, como os integrantes de todas as demais raças. Onde já se viu, em pleno século XXI, a atriz Taís Araújo ser vítima de racismo nas redes sociais?”

“Na Marcha, vamos reivindicar a implantação de políticas públicas voltadas às mulheres negras, e que sejam aplicados os marcos legais, como o Estatuto de Igualdade Racial, já sancionado e regulamentado, além das cotas do serviço público e do Judiciário”, afirma Francisco Quintino, secretário de Promoção da Igualdade Racial da Força Sindical Estadual-SP e presidente do Instituto Sindical Interamericano Pela Igualdade Racial (Inspir), que é um dos organizadores da Marcha.

As Centrais Força Sindical, CUT, CTB, CSB, NCST e UGT definiram uma plataforma da classe trabalhadora para a Marcha das Mulheres Negras. Entre os pontos que serão abordados, destaque para a geração de mais e melhores empregos de qualidade com igualdade, oportunidade e tratamento; incremento e ampliação dos programas de tratamento do SUS (Sistema Único de Saúde) voltados para o atendimento da saúde da mulher negra, com especial atenção para o parto; e a ratificação das Convenções 126 (contra o racismo, a discriminação racial e todas as formas correlatas de intolerância) e 29 (contra a discriminação e a intolerância).

Marcha
No dia 18, as mulheres vão se concentrar, às 9 horas, nas imediações do Ginásio Nilson Nelson, ao lado do Estádio Nacional Mané Garrincha. De lá, elas seguirão em marcha até o Congresso Nacional – uma caminhada de cerca de cinco quilômetros –, aonde deverão entregar suas reivindicações aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, além do Supremo Tribunal Federal (STF).

Perfil da mulher negra brasileira
A participação da mulher negra no mercado de trabalho é de 53,1%, conforme relatório sobre as estatísticas de gênero do último censo do IBGE, em 2010. Levantamento feito pela subseção do Dieese da Força Sindical indica que persiste a diferença salarial das mulheres negras em comparação aos homens não negros, que recebem os maiores níveis de rendimento.

“Percebemos a dupla discriminação de cor e gênero. O valor nominal do rendimento das mulheres negras é, em média, 48% inferior ao das mulheres não negras. Em relação aos homens não negros, o percentual fica em torno de 65%. Estas informações deixam claro que as mulheres negras são discriminadas no mercado de trabalho não apenas por serem mulheres (que já recebem rendimentos inferiores), mas também por serem negras, já que seus rendimentos são ainda inferiores aos das mulheres não negras”, declara Tamires Silva, técnica do Dieese.

A taxa de frequência escolar no ensino médio para mulheres negras ou pardas é 12,5% inferior à frequência de mulheres não negras. A proporção de mulheres negras sem instrução é inferior ao número de homens negros sem instrução. Em 2013, o Relatório Anual Socioeconômico das Mulheres mostrou que a violência física foi 54% dos relatos computados.

Fonte: Força Sindical

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