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Frente de esquerda quer ir às ruas para defender reformas populares e direitos

Carta divulgada pelo coletivo e assinada por movimentos sociais, centrais sindicais e partidos de esquerda rechaça especulações sobre vínculo com o ex-presidente Lula. “A Frente não nasce nem para ser oposição, nem para blindar o governo. O nosso interesse é a defesa do trabalhador”, diz coordenadora do MTST

Na quinta-feira, dia 22, foi divulgada a primeira carta de intenções da Frente Pelas Reformas Populares, um coletivo formado por diversas organizações sociais e políticas de esquerda que pretende criar uma agenda de lutas pelo país em “defesa do trabalhador”.

O documento, assinado por 26 organizações, prevê um grande ato unificado, que deve ocorrer entre março e maio. A Frente estabelece, na carta, quatro grandes eixos de discussões e luta: Luta pelas Reformas Populares; Enfrentamento das pautas da direita na sociedade, no Congresso, no Judiciário e nos Governos; Contra os ataques aos direitos trabalhistas, previdenciários e investimentos sociais; e contra a repressão às lutas sociais e o genocídio da juventude negra e pobre e periférica.

A iniciativa da formação de uma frente de esquerda partiu do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), após o processo eleitoral de 2014. Com a adesão de outros movimentos, partidos políticos e centrais sindicais, há uma expectativa de que haja intensa participação popular nas ruas. “Há uma vontade e uma compreensão de que para se fazer as reformas que buscamos, a esquerda precisa estar reunida. Para isso, temos que ter muita gente na rua”, afirma Natália Szermeta, da Coordenação do MTST.

Após duas reuniões, uma em dezembro e outra na última segunda-feira, dia 19, no centro de São Paulo, a Frente convive, no noticiário da grande mídia, com especulações de que haveria por trás a articulação do ex-presidente Lula. Em seu editorial no último dia 2 de janeiro, O Estado de S. Paulochega a insinuar de que o líder petista quer, com a Frente, “ditar a agenda de Dilma e da base aliada.”

“Isso é uma mentira, não temos vínculo algum com o ex-presidente Lula, ele nunca apareceu em nossas reuniões. A Frente não nasce nem para ser oposição, nem para blindar o governo. O nosso interesse é a defesa do trabalhador”, defende Natália. Na carta, o coletivo afirma que “por sua própria natureza será uma frente com total independência em relação aos governos.”

Confira o documento na íntegra:

DECLARAÇÃO DA FRENTE PELAS REFORMAS POPULARES

São Paulo, 22 de janeiro de 2015

As organizações sociais e políticas que assinam esta declaração entendem que é urgente e necessária a construção de uma frente que coloque em pauta o tema das Reformas Populares no Brasil.

Esta frente terá o objetivo de concretizar uma ampla unidade para construir mobilizações que façam avançar a conquista de direitos sociais e bandeiras históricas da classe trabalhadora. Buscará também fazer a disputa de consciência e opinião na sociedade. Por sua própria natureza será uma frente com independência total em relação aos governos.

Neste momento, a proposta de ação da frente se organizará em torno de 4 grandes eixos:
1) Luta pelas Reformas Populares;
2) Enfrentamento das pautas da direita na sociedade, no Congresso, no Judiciário e nos Governos;
3) Contra os ataques aos direitos trabalhistas, previdenciários e investimentos sociais;
4) Contra a repressão às lutas sociais e o genocídio da juventude negra e pobre e periférica.

Num cenário de demissões, tentativas de redução salarial e cortes de direitos é preciso colocar em pauta o enfrentamento da política de ajuste fiscal do Governo Federal, dos Governos Estaduais e Prefeituras. Defendemos a imediata revogação das MPs 664 e 665/14, que representam ataques ao seguro-desemprego e pensões.

Chamamos também para a necessidade de enfrentar o aumento de tarifas de serviços e concessões públicas, como o transporte urbano, a energia elétrica e a água. Não aceitaremos que os trabalhadores paguem pela crise.

Neste sentido, a Frente adotará os seguintes encaminhamentos:
– Construir conjuntamente o dia de lutas de 28/1 chamado pelas centrais sindicais;
– Apoiar e construir lutas em relação ao ajuste fiscal e ataque a direitos sociais, o aumento das tarifas do transporte, a falta d’água, a criminalização das lutas sociais e o genocídio da juventude nas periferias;
– Realizar mobilizações em torno do mote “Devolve Gilmar” visando imediato julgamento pelo STF da Ação da OAB contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais;
– Apoiar as Jornadas pela Reforma Urbana e pela Reforma Agrária, em março;
– Organizar um Dia Nacional de Lutas unificado, com indicativo entre março e maio.
– Realizar um Seminário Nacional para avançar na plataforma e construção da Frente, com indicativo para 7/3.

Assinam:
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
Central de Movimentos Populares (CMP)
União Nacional dos Estudantes (UNE)
Coletivo Juntos
Coletivo Rua
Fora do Eixo
Intersindical – Central da Classe Trabalhadora
União da Juventude Socialista (UJS)
Uneafro
Unegro
União Brasileira de Mulheres (UBM)
Igreja Povo de Deus em Movimento
Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras)
Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade
Serviço Inter-Franciscano de Justiça, Paz e Ecologia
Movimento Nós da Sul
Movimento Popular por Moradia (MPM)
Coletivo Arrua
Juventude Socialismo e Liberdade (JSOL)
Rede Ecumênica da Juventude (REJU)
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC)
Fórum Ecumênico ACT Aliança Brasil (FEACT)
Articulação Igrejas e Movimentos Populares

Fonte: Revista Fórum

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