Artigos de menuUltimas notícias

Instrução voltada ao trabalho diminui o risco de apagão da mão de obra qualificada

Em meio a tanto desemprego, o Brasil tem hoje 250 mil vagas abertas na área de TI (tecnologia da informação), porque falta mão de obra qualificada para preenchê-las. “Não conseguimos dar match”, diz Laércio Cosentino, presidente do conselho de administração da gigante de software Totvs.

Com conhecimentos que se atualizam em média a cada dois anos, as empresas do setor têm observado a necessidade de investir em cursos técnicos. “Corremos o risco de um apagão sistêmico de capital humano”, afirma o empresário, um dos participantes do seminário realizado pela Folha e pelo Itaú Educação e Trabalho em 14 de junho.

O diagnóstico não é exclusivo da área de TI. Entre os especialistas, cresce o entendimento de que alianças firmadas entre a educação básica e o setor produtivo são a chave para ampliar as oportunidades dos jovens.

Cofundador da Natura, o empresário Pedro Passos afirma observar uma participação ainda pequena do sistema privado na questão da formação. “O Sistema S poderia servir de base para uma maior divulgação de conhecimento de excelência para a rede pública de vários estados”, diz, em referência ao grupo que reúne organizações como o Senai (de aprendizagem industrial) e o Senar (de aprendizagem rural).

Passos acrescenta que as empresas estão rompendo com a percepção de que essa modalidade de educação é de menor importância. Contribui para essa mudança a internacionalização, a partir do contato com países nos quais o ensino técnico é robusto, como os europeus.

“É o entendimento de que o ensino profissional é uma alternativa de revolução de currículo, e que incentiva a pessoa ao aperfeiçoamento contínuo e posterior em outros cursos”, explica.

A visão da educação profissional como sendo voltada apenas aos jovens mais pobres —como o setor foi encarado desde 1909, quando foi instituído no país— perde espaço.

“Estamos falando da educação profissional do século 21, que não tem nada a ver com a do século passado, desconectada, limitadora e pouco emancipatória”, afirma Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho. “O que queremos é o contrário.”

Inoue diz que, com o envelhecimento da população e novas gerações assumindo a liderança de setores importantes do país, negligenciar o ensino profissional seria limitar o próprio desenvolvimento nacional.

“Não teremos desenvolvimento econômico e social se o país não olhar para a formação e construir caminhos de profissionalização dessa população de jovens”, diz Inoue.

Para o o ex-ministro da Educação José Henrique Paim, o ensino técnico pode ajudar a combater a evasão escolar, que cresceu na pandemia. “Acredito que a educação profissional possa alavancar a volta desses jovens para a escola”.

Fonte: Folha de São Paulo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.