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PIB per capita vai levar mais 4 anos para voltar ao pico de 2013, diz FGV

O crescimento da economia brasileira surpreendeu no 1º trimestre, mas o país ainda deve levar mais quatro anos para recuperar o nível de renda e riqueza que tinha em 2013, quando o PIB per capita registrou o maior patamar da série histórica. Os cálculos são de Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro FGV Ibre, que estima que o padrão de vida da população só irá voltar ao ponto pré-crises em 2027.

PIB per capita ainda longe da recuperação

O PIB per capita é a divisão do PIB pelo número de habitantes. Ele mostra o padrão de vida da população. Quando há uma retração na economia, o nível de riqueza e renda da população costuma encolher de forma mais acentuada, uma vez que o Brasil continua registrando crescimento populacional. Em outras palavras, o bolo diminui e tem que ser dividido com mais gente.

Em 2022, o PIB per capita superou o nível pré-pandemia, mas ainda fechou o ano 4,8% abaixo do nível de 2013. A projeção é que em 2023 o indicador fique em R$ 46.440, contra os R$ 48.472,10 de 2013, em valores corrigidos pela inflação. Em 2019, antes da crise trazida pela covid-19, o PIB per capita foi de R$ 45.154,40.

Retomada do nível pré-crises não deve ocorrer neste mandato presidencial. A projeção da FGV é que o PIB per capita retornará ao nível de 2013 em 2027, quando chegaria a R$ 48.683, mas isso considerando um cenário otimista. Os cálculos consideram um crescimento de 0,6% neste indicador em 2023 e de 0,3% em 2024. Nos demais anos, estima um crescimento de 1,5%, tomando como cenário base um avanço da economia ao redor de 2% por ano.

Resultado do 1º trimestre deve melhorar as projeções para o PIB de 2023. O governo trabalha com estimativa de avanço de 1,9% em 2023 e avaliou que o resultado dos 3 primeiros meses do ano eleva o viés positivo para essa projeção. Apesar da avaliação geral de que a economia deverá sofrer alguma freada daqui em diante, analistas já veem a possibilidade de um avanço perto de 3% no ano. A projeção da FGV é de que o PIB de 2023 seja de 1,3% e de 0,9% em 2024.

“O resultado que tivemos em 2022 já levou [o PIB per capita] para um patamar melhor do que estava, porque ele tinha caído muito com a pandemia. Ainda estamos 4,8% abaixo de 2013. Vai demorar anos, mesmo crescendo pouco, ainda demora anos [para superar”, Silvia Matos, da FGV.

Segundo a economista, o pico registrado em 2013 foi muito puxado por uma marcha forçada do governo. Na época, o governo da presidente Dilma Rousseff usou dinheiro público para acelerar a economia. A conta veio cara depois deste movimento, já que o crescimento do PIB per capita veio sem aumento de produtividade no país, gerou mais inflação, aumento da dívida pública e do déficit.

“Não foi um crescimento saudável. Tivemos um crescimento saudável quando a produtividade cresceu de forma mais consistente. Foi basicamente no período entre 2004 e 2008. Crescemos em torno de 3,6% por ano no PIB per capita”, Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro FGV Ibre.

Desafios para o PIB crescer mais

Matos diz que o cenário é desafiador. A inflação no Brasil e a desaceleração econômica mundial são dois fatores que tornam o crescimento mais difícil. A especialista diz que o país não deve conseguir crescer muito em 2023 e 2024.

O custo mais alto do crédito e juros altos impactam consumo das famílias e investimentos. Por isso, Matos diz que o crescimento do país tende a ser mais lento. Quando o BC aumenta a taxa de juros, a intenção é justamente diminuir a atividade econômica (consequentemente impacta o PIB) para controlar a inflação.

Também é preciso melhorar o ambiente de negócios, os níveis de educação do país e pessoas mais produtivas no mercado de trabalho. Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners, afirma que para o PIB ter um crescimento mais importante é preciso ter inflação controlada e juros mais baixos. Outros fatores são investimento em infraestrutura, mudanças na tributação para as empresas e um cenário jurídico e institucional mais estável.

Fonte: UOL

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