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Norma contra o ‘home office’ é revogada: A quem interessa minar a prática?

Um dos grandes destaques da última sexta-feira (13) foi a revogação de uma norma publicada numa outra sexta-feira, antes do recesso de Natal, no apagar das luzes do não-governo, que na prática ameaçava o teletrabalho, ou home office, dos servidores públicos federais.

Unanimidades foram o pânico gerado pela norma que ninguém gostou e a impressão de que ela foi feita apenas para tumultuar.

Vou destrinchar esse tema, considerando minha formação, acadêmica e de vida, como gestora de recursos humanos, de uma forma que mostre por que não faz nenhum sentido demonizar ou querer acabar com o teletrabalho.

1. ‘Home office’ é uma realidade irreversível.

Com a pandemia do coronavírus, ficou evidente a necessidade de reorganização do trabalho da forma como conhecíamos. O “home office” foi uma solução para manter a produtividade evitando os deslocamentos. E deu certo na maioria dos casos.

Entrar no engarrafamento ou tomar ônibus e metrô lotado não faz mais sentido para boa parte das ocupações e das pessoas. Para que se sujeitar a isso quando em casa se faz o mesmo trabalho, inclusive mais satisfatoriamente e com melhor qualidade?

Obviamente, nem todo mundo se adaptou ou tem como fazer teletrabalho, pela natureza do serviço prestado ou mesmo pelo perfil da pessoa.

Porém, trabalhar de casa hoje é uma tendência que veio para ficar, e quem tentar mudar essa realidade, tomará medidas impopulares e fracassadas, como a tal norma do não-governo que foi revogada.

2. O ‘home office’ envolve obrigatoriamente uma melhoria da qualidade da gestão

Uma recente pesquisa do Datafolha mostrou que mais da metade dos brasileiros prefere estar em teletrabalho, ainda que parcial.

Porém, entre os empresários, ainda parece haver resistência. Talvez por não terem entendido a dinâmica do teletrabalho ou por acharem que dá muito trabalho para eles.

Naturalmente, um bom gestor não se importará que seu funcionário fique dois ou três dias em casa, desde que ele consiga entregar tudo que precisa.

Infelizmente, há certos arranjos, que apelidei carinhosamente de “teletrabalho de Taubaté” (em alusão à falsa grávida da TV), em que funcionários são obrigados a continuar batendo ponto, como se fosse necessário um controle adicional para o que já está sendo controlado. Isso beira o absurdo e deveria ser proibido mesmo por lei.

As táticas para “minimizar a gazeta”, para usar um termo econômico, devem ser utilizadas pelo gestor como forma de otimizar o trabalho e não para punir o funcionário. E isso exige que o gestor faça gestão!

Há gestores que apenas mandam, mas não fazem gestão e tampouco estão interessados em fazê-la. E boa parte dos cursos de “liderança”, que viraram uma baboseira de coaching idiota feita por gente safada, não ajudam.

3. Aumenta a sensação de pertencimento do funcionário.

Pode parecer paradoxal o que escrevi acima, porém um funcionário com perfil para trabalhar de casa que tem bons gestores e flexibilidade para fazer seu trabalho veste melhor a camisa da organização, pois percebe que consegue aumentar sua qualidade de vida.

Diminuir o estresse de engarrafamento e transporte público lotado por pelo menos dois ou três dias eleva o moral do funcionário, que tem mais tempo para a família e para o autocuidado.

A saúde física e mental dos colaboradores deve ser sempre lembrada como prioridade das organizações. Ninguém precisa de um funcionário desmotivado nem de um funcionário que viva de atestado.

E isso envolve um esforço coletivo para que o trabalho não crie ou evolua estados de mal-estar. Ou teremos situações de pânico como aquelas geradas pela já dita norma do não-governo que, felizmente, agora é apenas uma lembrança ruim de um tempo tenebroso.

Fonte: Coluna Mari Rodrigues no Ecoa/UOL

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