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Violência contra a mulher: uma em cada quatro já sofreu agressões no parto

No Dia Internacional do Combate à Violência Contra a Mulher, em 25 de novembro, agressões físicas e psicológicas na hora do parto também são lembrados

Ainda pouco discutida, entre todas as violências lembradas no Dia Internacional do Combate à Violência Contra a Mulher, nessa quarta-feira, dia 25, a violência obstétrica é uma realidade na vida de milhares de mulheres. Além disso, um agravante é observado quando, pela confiança depositada em profissionais de saúde, muitas mulheres não sabem que são vítimas deste tipo de agressão, que, infelizmente, é comum: um quarto das mulheres já passou por essa situação.

“É difícil saber, na hora, que você está sendo vítima. Você está muito vulnerável e quer, do fundo do coração, acreditar nos profissionais”, relata a jornalista Carol Patrocínio, de 30 anos.

Carol sofreu violência durante o parto em suas duas gestações. Ela conta que no nascimento do primeiro filho, uma cesárea, ela sofreu maus-tratos e desrespeito por ter que esperar cerca de seis horas sem acompanhante para a cirurgia. “Na minha primeira gestação eu nem imaginava que aquilo era uma violência. Eu tinha 18 anos e tinha certeza de que o médico queria o melhor para mim. Nem pensava que podia haver outros interesses envolvidos”, lamenta.

Na segunda gestação a jornalista mudou de método e resolveu fazer um parto natural. Ela chamou uma amiga, que é obstetriz, para acompanha-lá. “Não quis que ela fosse a única profissional pelo envolvimento emocional e soube que a médica humanizada só não fez uma episiotomia desnecessária porque minha amiga não deixou”, lembra.

Casos
A realidade de Carol é compartilhada por milhares de mulheres. Segundo a pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado”, de 2010, da Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres brasileiras já sofreu violência obstétrica.

Um mapeamento da violência no parto realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) avaliou que um total de sete ações praticadas contra as parturientes: abuso físico, abuso sexual, preconceito e discriminação, não cumprimento dos padrões profissionais de cuidado, mau relacionamento entre as mulheres e os prestadores de serviços e condições ruins do próprio sistema

“A violência obstétrica pode acontecer pela ação e pela omissão. Agindo de maneira agressiva, seja por violência física, psicológica e moral. Na psicológica estão as ameaças ou até o isolamento (evitar a presença do acompanhante), a moral são os xingamentos (hostilizar mãe adolescente, mulher de baixa renda, usuária de narcóticos) e as omissões são a falta de leitos, de informação, de consentimento livre e esclarecido. Tudo que vão fazer no seu corpo tem que ser explicado e o paciente tem que aceitar. Não tem isso de que quando a gente entra num hospital podem fazer tudo que queiram em nosso corpo”, aponta a sanitarista e presidente da Associação Artemis (ONG que cuida da defesa dos direitos das mulheres), Raquel Marques.

Políticas públicas
Assim como as organizações não governamentais, a prefeitura de São Paulo também vem aumentando sua participação na vida das parturientes, proporcionando um parto saudável, seguro e humano. A exemplo o recente convênio firmado no dia 19 de novembro entre a secretaria de saúde do município e a Casa de Parto Casa Angela, no Jardim São Luiz, na zona sul da capital, onde a prefeitura se comprometeu a fazer repasse de até R$ 2 milhões por ano para a ampliação de 30 vagas de atendimento mensal de pré-natal, parto natural e acompanhamento até o primeiro ano de vida do bebê, para usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) do município.

Histórico
O dia 25 de novembro foi considerado “Dia Internacional do Combate à Violência contra a Mulher” desde 1981, durante o Primeiro Encontro Feminista da América Latina e Caribenha, em Bogotá, na Colômbia, em homenagem as irmãs Mirabal, conhecidas como “Las mariposas” e que foram brutalmente assassinadas por participarem de movimentos de libertação na América Latina em sua terra natal a República Dominicana.

Fonte: Saúde Popular

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