Terceira dose de vacina garante proteção extra contra a variante ômicron da covid-19
Estudo revela que o reforço vacinal contra a variante ômicron da covid-19 confere proteção. Enquanto isso, OMS mantém estado de emergência
Artigo científico publicado nesta segunda-feira (30) no Journal of Medical Virology comprova a importância da terceira dose das vacinas contra a covid-19. De acordo com os resultados do estudo, o reforço dos imunizantes conferem proteção extra contra o vírus, em especial contra a variante ômicron. Pesquisadores da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) conduziram as análises em parceria com a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Ainda que alguns dos testados previamente infectados pudessem apresentar uma maior quantidade de anticorpos que reconheciam o vírus, os vacinados com três doses possuíam uma melhor qualidade de anticorpos. Ou seja, que não apenas reconheciam, como efetivamente neutralizavam o vírus.” O professor da Ufob Luiz Mário Ramos Janine, coordenador do estudo, explicou os resultados para a Agência Fapesp. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) participou do estudo como apoiadora.
Os cientistas realizaram o levantamento durante um surto relevante do vírus na cidade de Barreiras (BA). Participaram 286 voluntários. Dos infectados, mais de 80% não haviam tomado a terceira dose de algum imunizante. “Os anticorpos presentes nas amostras dos vacinados com três doses se mostraram capazes de neutralizar não apenas a cepa original de Wuhan, como também a variante ômicron. Isso não ocorreu com os não vacinados ou que tomaram uma ou duas doses”, comenta o pós-doutorando da Unifesp Robert Andreata-Santos.
Contra a ômicron
A maior parte dos voluntários com três doses finalizaram o esquema básico, de duas doses, com Coronavac ou AstraZeneca, com reforço da Pfizer. Os pesquisadores conduziram o estudo entre janeiro e março de 2022, quando boa parte da população ainda não havia recebido o reforço. O destaque ficou com a comprovação de efetividade dos reforços contra a ômicron. “O que trazemos de novo é que os vacinados com três doses possuem anticorpos que neutralizam mesmo a ômicron, que surgiu quando as vacinas usadas atualmente já existiam”, explica para a Agência Fapesp outro coautor do estudo, o professor Luís Carlos de Souza Ferreira, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e coordenador da Plataforma Científica Pasteur-USP.
Não acabou
A eclosão do surto de covid-19 completa três anos neste início de 2023. A situação está muito mais confortável do que nos períodos anteriores à vacinação massiva da população. O Brasil chegou a registrar mais de 3 mil mortes diárias no pior momento, em abril de 2021. Embora a média móvel de mortes no país esteja abaixo de 100, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda considera o vírus um risco.
Na última sexta-feira (27), especialistas avaliaram o estado de emergência global e a possibilidade de declará-lo como encerrado. Contudo, a avaliação foi negativa. Hoje, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom disse que “concorda com o conselho oferecido pelo Comitê de Emergência a respeito da pandemia em curso e determina que o evento continua a constituir uma emergência de saúde pública de preocupação internacional”.
“Enquanto o mundo está em melhor posição do que estava durante o pico da transmissão da ômicron um ano atrás, mais de 170 mil mortes relacionadas à covid-19 foram relatadas globalmente nas últimas oito semanas”, completou Tedros.
Então, a covid-19 segue como emergência “de risco elevado” no mundo. Desta forma, a OMS pede que governos em todo o mundo sigam alertas e reforcem as políticas públicas de atenção à saúde. Diante do cenário, a OMS também pede que países reportem dados de vigilância e sequenciamento genético dos vírus, recomendem medidas direcionadas de controle de surtos pontuais, vacinem a população e conduzam a comunicação de risco.
Fonte: Rede Brasil Atual